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sábado, 29 de setembro de 2007

SOMOS SÓ...?!?!?!...

ix. todos nós somos duplos, o que somos e o que não somos. para além disso, no que somos, somos a cápsula simultânea do bem e do mal, como o dr.jekyll e o mr.hyde. pelo que é estranho que seja já tarde quando nos descobrimos, quando descobrimos que os monstros também somos nós.”xix. todos nós somos duplos, o que somos e o que não somos. para além disso, no que somos, somos a cápsula simultânea do bem e do mal, é por isso que por vezes nos assoma o desejo de termos um irmão gémeo que seja o nosso lado mau, o monstro que nos habita e que não conseguimos ser honradamente.”

in apontamentos para monstroário
de constantino corbain

xxx

Acréscimo ao post de Sábado: Hoje (dia 1 de Outubro) é DIA MUNDIAL DA MÚSICA! Que haja sempre... sem Ela como conheceríamos a harmonia do Universo à nossa volta?! A nossa banda sonora pessoal!

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

CINEMA NA TEIA: STARDUST - O MISTÉRIO DA ESTRELA CADENTE

FICHA TÉCNICA: Stardust - O Mistério da Estrela Cadente
Título original: Stardust
Realizador: Matthew Vaughn
Elenco: Charlie Cox, Claire Danes, Robert De Niro, Sienna Miller, Michelle Pfeiffer, Jason Flemyng, Sarah Alexander, Ben Barnes, Peter O'Toole, Henry Cavill, Rupert Everett, Dexter Fletcher, Ian McKellen e Mark Stevenson
Classificação:M/6
Ano: 2007
País: Reino Unido e Estados Unidos
Género: Acção, Aventura, Drama, Fantasia e Ficção Científica



A fantasia cai como uma estrela cadente no centro dos nossos corações, numa versão transformada, subvertida, mágica e divertida das típicas personagens dos contos de fadas. Não vão ver o filme esperando ver a sétima arte das vossas vidas; mas esperando passar uma parte do nosso dia-a-dia alheados ao que nos rodeia, experienciando momentos fantásticos, de efeitos especiais muito bem trabalhados.
Stardust: O Mistério da Estrela Cadente é um filme baseado no romance “Stardust”, de Neil Gaiman. Dois mundos paralelos se
parados por um muro. No mundo real, numa aldeia vitoriana, vive Tristan (Charlie Cox) que é apaixonado por Victoria (Sienna Miller), uma jovem bela mas superficial. Para conquistar o seu coração, Tristan promete-lhe trazer-lhe a estrela cadente que ambos assistiram despenhando-se no céu. Contudo, Tristan teria de atravessar o muro proibido e entrar em Stormhold, uma espécie de reino encantado, habitado por seres fantásticos, bruxas poderosas, caçadores de relâmpagos e príncipes assassinos.
Já no local da queda da estrela, Tristan descobre que a
estrela é uma bela rapariga (Claire Daines), chamada Yvaine e que é portadora de uma jóia que determina quem será o rei de Stormhold. Perseguem-na os príncipes assassinos (assim como os príncipes fantasmas, que são uma das partes cómicas do filme!), procurando obter o poder do reino; perseguem-na também três bruxas sinistras lideradas pela maquiavélica Lamia (Michelle Pfeiffer), em busca da juventude e belezas eternas. Uma das personagens importantes (e interessantes) na acção é desempenhada pelo Capitão Shakespeare (Robert De Niro) que lidera uma espécie de barco-zeppelin, com uma tripulação de piratas, atravessando os céus para caçar relâmpagos. Ao longo desta aventura, Tristan que pretendia oferecer Yvaine a Victoria, como havia prometido a esta última, vai descobrindo o conceito de AMOR INCONDICIONAL.

Experimentem o filme no sentido de “colorir” um pouco o vosso coração com uma bela história encantada, com paisagens fantásticas (gravadas na Escócia e na Islândia) e um desempenho notável destes grandes actores.

MAKE A WISH...AND DARE TO DREAM!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O QUE É QUE TROCAMOS?!

Troco um sopro
Troco um beijo
Por um sonho
Por um desejo
Dou as asas
A varinha de condão
Ergo as armas
Que estão ali à mão
O dia-a-dia do cansaço
Veste, assim, o corpo despido
Saio com as dores no regaço
E com o coração ferido
As luzes fechadas que caem dos céus
São anjos soltos da mão de Deus
São palavras nuas, sem véus
Costurando esta Teia
Caminho sobre este altar
De cimento e de concreto
Escuto os deuses à janela
Que me fazem um pedido secreto
Que não acredite em tudo o que vejo
Sem olhar, primeiro, a sua alma
E se esta, entretanto, me der um beijo
Aí vive um Príncipe e não um Sapo.


susana júlio

xxx

Mel, amiga, o "Blogspot" beija o "Sapo", em sinal de reconhecimento! ;)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

QUEM SÃO OS ANJOS...

I

Ouviste?
Sou um anjo triste
Que perdeu a sua voz.
Não me vês.
Mas sou eu
Quem te dá a mão
Quando estás a sonhar.
Não me sentes.
E sou eu quem te molda
E faz nascer,
Do barro
Que deixei
Há muito tempo atrás.
A tua vida
Corre com os meus dedos
Uma estrada por caminhar.
Ainda não me ouves?
Não faz mal.
A felicidade espera
Por quem sabe sonhar.


II

Esperas por mim, Cassiel
Quando te fores embora?
Leva-me contigo, Cassiel.
Dá-me asas brancas
Para te acompanhar.
Dá-me céu para cultivar
Uma esperança
De qualquer coisa melhor.
Vela-me, Cassiel.
Ter algo de verdadeiro
Para dar ao mundo.
Aquele que me quiser.
Queres-me tu, Cassiel?
Dá-me asas para voar.
Na tua cegueira terrestre
Serei teus olhos humanos.
Dá-me pureza.
Dá-me a mim, Cassiel.

Susana Júlio


in RISCOS QUE FICARAM NO TEMPO/ JOGO DE ESPELHOS
de Susana Maria Júlio e Carmen Zita Ferreira.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

UM PRÉMIO E UM DESAFIO!

Hoje foi um dia de “varrer as teias aos cantos da casa e do espírito”! Colocar pontos nos i`s e pequenos caos em alguma ordem. Assim, a Teia não podia deixar de ser uma excepção!
Ainda em Agosto, a Teté, do Quiproquó, atribuiu à Teia este prémio/ nomeação do SCHMOOZE (mais uma vez, obrigado Teté). Os blogs seleccionados têm de corresponder a um determinado perfil e, pelo perfil caracterizado pelas “regras”, eu teria de voltar a nomear o Quiproquó, tipo efeito de ricochete!
Regras?! Que regras?

1) Bem, o blog, ou o bloguista, tem de ter uma filosofia de convívio, promovendo o diálogo "interbloguístico" e não apenas monólogos nos comentários.
2) Aquele que recebe esta nomeação, tem de escrever um post que desencadeie uma nova lista de 5 blogs que estejam dentro desta onda!
3) Temos de acrescentar um link para o post que nos “indiciou” com esta nomeação e referir também a origem deste prémio que pertence ao Mike, do Ordinary Folk (
http://thingsbymike.com/).
4) E isto não é regra, é opção: exibir orgulhosamente esta nomeação com um link para o post escrito.

Pronto…agora é a parte da escolha dos próximos elos desta cadeia. Acima de tudo, é bom referir que o espírito da Teia sempre foi este da partilha, da aprendizagem, do conhecer mais, do escutar mesmo que sendo virtual, do brincar e, fundamentalmente, em jeito de manta de retalhos ou manta de fios, ir construíndo um local acolhedor…aquele cantinho que se assemelha ao amigo com quem se está um pouquinho, num café ou noutro local, a conversar um pouco. Por onde passo, noutros blogs, procuro, sem querer, essa cadeira amena ao sabor do café virtual. Penso que não posso atribuir este prémio ou nomeação a blogs que já o tenham. Se assim não fosse haveriam uns quantos que voltariam a ter o prémio, como o Quiproquó, O Universo e Borboletas, A Papoila, Ana Scorpio, Canto do Desconhecido, Rafeiro Perfumado, entre outros… Mas há mais, felizmente, alguns mais, nos quais encontro este ambiente SCHMOOZE. Se nomear algum que já tenha o dito prémio peço, desde já, desculpa pela falta de atenção.
Sendo assim, os outros 5 blogs são:
* Noite de Mel;
* Impulsos da Alma;
* Taradisses;
* Somente Bia;
* Mixtu.


Mas há mais, como disse anteriormente, felizmente alguns mais!

xxx

Agora o desafio que me foi lançado pela Borboleta, a amiga aqui do lado, achei-o extremamente interessante e divertido:

1. Pegar no livro mais próximo;
2. Abri-lo na página 161;
3. Procurar a 5ª frase completa;
4. Colocar a frase no blog;
5. Não escolher a melhor frase nem o melhor livro (usar o mais próximo);
6. Passar o desafio a cinco pessoas.

Olhei assim pela secretária. Existe nela uma pequena estante que dá albergue a uns quantos livros. P
rocurei aquele primeiro livro, assim à mão de semear, que pelo menos teria as 161 páginas e retiro a frase de O SAGRADO E O PROFANOA Essência das Religiões, de Mircea Eliade: “Mas estes jardins em miniatura, que se tornaram objecto de predilecção para os estetas, tinham uma longa história, até mesmo uma pré-história, onde se mostra um profundo sentimento religioso do mundo.”
Passo o testemunho, também, a mais 5 pessoas:
* à Teté, do Quiproquó;
Amália, do Through my Eyes;
*ao Taliesin , do The Spiral;
* ao Poeta_Vagabundo, do Pensamentos_Vagabundos ;
* à tonsdeazul, do Tons de Azul.
No entanto, quem quiser passar por aqui e deixar a frase que “lhe calhou”
satisfaz a minha curiosidade!
Assim, por exemplo amiga CZ, estendo-te a ti, também, este desafio…

: )

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

O OUTONO

O Outono é um peão do Inverno,
Chega e reparte cartas,
Desnuda as árvores e os sentimentos,
Veste de cinzento a imagem momentânea,
Do poente e, no fardo descaído das tardes,
Fulmina as folhas, que planeiam, rendidas,
Como aparições sem volume,
Incumbidas de designar,
O gesto intolerável de uma impotência e uma derrota.


Nos decepcionará a primeira imagem,
Do ignóbil que oferece,
O Outono é unicamente um peão do Inverno.


As minhas estações são aqui, na minha ilha,
O mito do idêntico: “um eterno verão”,
E o Outono é o cinzento.
O leito pródigo das folhas,
A larguíssima soma de uma tristeza,
Mais além do espaço em que habitas,
À distância de um pensamento.


Enquanto no Verão tudo é inocente,
No Outono tudo é sombrio,
Também, não se anuncia cerimonialmente,
Como a primavera que surge simplesmente,
Deixando-nos instalados na perplexidade de que o tempo se desvaneça.


Não se pode duvidar que o Outono,
Possui o mais assombroso poder de transformação,
Figura inteligente que altera,
A natureza, o homem e a mulher,
Move sentimentos, arranca amores,
E nos deixa desnudos diante o frio da solidão.


poema por Taliesin
Noutras culturas, noutros tempos, celebrava-se, hoje, a Festa de Avalon, ou a Festa das Colheitas ou o Mabon (terminologia celta). Era pedido a Mabon ou a Angus (Deus do Amor) a harmonia no Amor e a protecção para as pessoas amadas. A Roda está em equilíbrio entre a Luz e a Escuridão, O Verão e o Inverno... Faça-se os altares enfeitados com sementes e forrados com folhas secas. Agradeça-se o que se tem (mesmo que nos pareça ser pouco) comparado com aquilo que os outros precisam e não têm...e os antepassados, guias e espíritos familiares deixarão os seus conselhos.
Guiem-se pela Noite e detenham-se no brilho da Lua dos céus de hoje...
As suas bençãos para todos vós!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

LETRAS E PAPEL

Olha como esperam por ti!
Olha como te fitam
como se sempre tivessem sido o teu horizonte!
Vê como te chamam,
como se transformam em fonte,
pequena ribeira, longo rio e parte do teu mar.

Olha como é espantoso o apelo,
como é persuasivo
e como enfrenta a indiferença das tuas mãos!
Olha como és cativo
dos seus domínios pagãos,
da sua força divina e do seu poder de encantar.

Final inevitável: Rendição.
Postura espectável: Desarmar.


poema por Carmen Zita Ferreira
fotografia por Nuno Abreu

terça-feira, 18 de setembro de 2007

HIPNÓTICO!

Numa só palavra, como o já repeti diversas vezes, hipnótico! Os Massive Attack não tiveram a primeira parte do concerto realizada pelos Peeping Tom (a cargo de Mike Patton, ex-vocalista dos Faith No More), como estava previsto. No entanto, o desempenho do DJ-set presente (João Gomes, dos Spaceboys) mereceu os elogios e aplausos de todo o público.
O Coliseu estava praticamente lotado (desde a plateia às galerias) e os fãs aguardavam ansiosamente o início do evento musical. O concerto iniciou-se com o tema FALSE FLAGS, seguido de RISINGSON. Dois temas fabulosos que foram ainda mais ampliados, musicalmente, com o desempenho incrível das guitarras; o que se verificou, também, em todo o concerto. O baixo e a guitarra tiveram os papéis de destaque nesta questão de transformar os temas que conhecemos tocados ao vivo. Partes finais dos temas faziam lembrar outros tempos, com instrumentais alucinantes e hipnóticos de algumas músicas dos Pink Floyd; ou então puro heavy metal que poderíamos classificar como "diabólico", acentuado pela dança enérgica de 3D. O ideal mesmo era fechar os olhos e sentir as vibrações musicais apoderarem-se completamente dos nossos sentidos. O espectáculo de luzes, simples e de grande qualidade, acompanhou todos os momentos musicais de um modo adequado e, durante todo o concerto, estava um painel que transmitiu constantemente vários tipos de informações, como por exemplo o número de mortos civis no Iraque, o aumento da taxa de mortalidade infantil no mesmo país e o aumento da pobreza na Venezuela, entre outras. O ambiente "negro e fumarento" acentua o estilo trip-hop desta banda de Bristol. É de destacar, também, a grande qualidade de som apoiada por dois bateristas, dois baixistas e um teclista.
Quem acompanhou 3D (Robert Del Naja) e Daddy G (Grant Marshall) foram Liz Fraser (Cocteau Twins) que interpretou brilhantemente o tema TEARDROP e Horace Andy (bastante ovacionado pelo público, visto que é um dos grandes colaboradores dos Massive Attack). UNFINISHED SYMPATHY cantado por Debbie Miller em notas arrepiantes; ANGEL, por esta vocalista e Horace Andy, foi outro dos pontos altos do concerto, que nos elevava o espírito totalmente para outra dimensão. É de salientar, ainda, o tema novo interpretado por Horace Andy 16 SEETER, que fará parte do álbum a sair em 2008.
Saímos do concerto com vontade de tomar rumo ao Porto, comer uma Francesinha e esperar por outra noite memorável que irá ser também a de hoje.
Bom concerto a quem vai assistir.


sábado, 15 de setembro de 2007

FORA DA PRATELEIRA: A SOMBRA DO VENTO, de Carlos Ruiz Zafón...pela TETÉ!

Desta vez, o FORA DA PRATELEIRA ficou a encargo da amiga Teté do Quiproquó, com uma apresentação cativante de um dos livros mais fascinantes e inesquecíveis que li nos últimos tempos. Também é daqueles livros que já recomendei vezes sem conta, digno de espalhar palavra. Para além disso, tem uma capa lindíssima!

Desde já, muito obrigado pela tua atenção Teté.
Aqui vai:

A SOMBRA DO VENTO
Carlos Ruiz Zafón (2004)
Dom Quixote - 1ª edição, em Setembro de 2004


A acção decorre em Barcelona, desde o início do Verão de 1945 até 1966. Pela mão de um rapaz de “quase onze anos”, que é conduzido pelo pai, livreiro profissional, a um santuário impregnado de mistério: o Cemitério dos Livros Esquecidos.

Aí, Daniel Sempere pode escolher um livro e guardá-lo, prometendo manter o segredo do local onde o obteve, inclusivé até do melhor amigo. O livro escolhido é “A Sombra do Vento”, cujo autor nem o próprio pai conhece: Julián Carax.

Fascinado com o enredo, o jovem Daniel pretende conhecer toda a verdade sobre aquele escritor que desapareceu sem deixar rasto, ao mesmo tempo que vive as crises da adolescência, com o primeiro amor e bastantes desilusões. É num sem-abrigo que ganha um amigo para a vida, que o vai ajudar em múltiplas peripécias a desenrolar aquele novelo de sentimentos humanos controversos de histórias passadas. Sempre perseguidos por um sinistro inspector policial, que deixa atrás de si livros em chamas e um rol de actividades facínoras.

Sem revelar o final, como é óbvio, aqui fica uma breve passagem:

“- Alguém disse uma vez que no momento em que paramos a pensar se gostamos de alguém, já deixamos de gostar dessa pessoa para sempre – disse eu.
Bea procurou ironia no meu rosto.
- Quem disse isso?
- Um tal Julián Carax.
- Amigo teu?
Surpreendi-me a mim mesmo a assentir.
- Mais ou menos.”

Excelente!

xxx

Amiga, se me dás licença, também gostava de acrescentar mais umas citações, do mesmo livro, à tua crónica:

* "Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o ecreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte."
* " O tempo passa tanto mais depressa quanto mais vazio está. As vidas sem significado passam de largo como comboios que não param na nossa estação."
* " ...a arte de ler está a morrer muito lentamente, que é um ritual íntimo, que um livro é um espelho e que só podemos encontrar nele o que já temos dentro, que ao ler aplicamos a mente e a alma, e que estes são bens cada dia mais escassos."

Acabei por descobrir, também, um site oficial do autor deste livro. Para quem estiver interessado em ir "espreitar" aqui fica o local: http://www.carlosruizzafon.com/
Quem quiser enviar/ partilhar mais crónicas de livros lidos, a Teia recebe com todo o agrado, e publica, para não deixar escassear estes bens que nos são tão queridos.

:)

terça-feira, 11 de setembro de 2007

PROFETA

Todas as noites
Que correm nestas veias
Abrem-se ao grande mar:
Imensa fuga do deserto
De um corpo revolto
Em areias caóticas.
Eis a confusão:
Último botão desapertado
Do espartilho humano
Que é o pensamento organizado.
Eis-me primitiva
Pregando a fantasmas solitários,
Iludidos,
Que pensam ainda viver
E brincam
Com a eternidade.
Enquanto falo
As minhas palavras escondem a trovoada.
Anuncio
As chuvas ameaçadoras
Que trazem o corpo nu.
O conhecimento.
Mãos cheias de areia,
Tão cedo vazias,
Lançam ao vento gestos de náufrago
Num mar deserto.
Estas noites,
Depois do sol,
Abrem-me à saciedade de uma prisão:

Liberdade.
de Susana Júlio,
in DO MAR GRANDE E D`OUTRAS ÁGUAS
(Antologia Poética)

O SKY FAZ 9 ANOS!

O SKYWALKER (mais conhecido pelos amigos por SKY) faz hoje 9 anitos! O que em idade canina penso que significa bastante! Um amigo espectacular que me acompanhou sempre com um carinho, amizade, inteligência e vivacidade impressionantes. Quem me conhece associa-me logo ao Sky...presença constante. Quando decidi ter esta companhia, há 9 anos atrás, sabia, de antemão, das responsabilidades que tal vontade acarretava...hoje, olho para trás, nunca me arrependi de tal decisão e agradeço a quem tenho de agradecer por tão preciosa companhia, que se tornou em mais um membro da família com direito a todos os seus direitos!

De quem é o olhar nobre,

Incontido,

Que mora no veludo negro

De uma noite suavizada em nuances de prata?

De quem é a ligeira harmonia
Conjugada a 4 ritmos no andar
E na existência viva deste ser?

A doce e humilde companhia que não é de ninguém
Abrange-me completamente
para além de toda a gratidão...

Vive no meu Sky!
Dono e senhor da própria velocidade da Vida!
PARABÉNS MEU GRANDE AMIGO!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

POR TERRAS CASTREJAS...A VOZ DOS CELTAS!

Aconteceu o Gerês…na sua existência mais poderosa à face da terra; aconteceu o deslumbramento perante a força da natureza conjugada à beleza para participarem na criação deste magnífico espaço. Um dos paraísos perdidos (por enquanto) do nosso país. Partimos em busca da cascata e lagoa da Dulce Pontes, curiosamente com este nome devido à escolha, desta artista, em aí tomar banho! Portanto, numa descida de quase 40minutos a pé a partir da aldeia de Celas, até ao vale, encontramos este recanto natural delicioso. Digno de um Novo regresso à Lagoa Azul! E de regresso, mas agora ao caminho, retomamos marcha até Pitões das Júnias, onde nos esperava, com a persistência de quase 12 séculos (supõe-se!), as ruínas isoladas do Mosteiro de Santa Maria de Júnias, que nos conduziram em mais uma inóspita caminhada. Ao descermos em direcção ao vale onde se situa o dito mosteiro, acompanha-nos o som de mais uma ribeira…sinal de que as ruínas estão próximas. Avistamos as primeiras pedras e a primeira impressão é de assombro (o horror e o belo confundindo-se intrinsecamente). Rodeando parte do mosteiro encontrava-se um cemitério onde o antigo e o actual se misturavam: eram visíveis inúmeras saliências de sepulturas que atestavam a sua antiguidade (supostamente dos monges que aí habitaram) coexistindo com túmulos actuais, visitados por flores artificiais e velas acesas. Percorrendo o mosteiro, encontra-se, ainda, a igreja intacta (com telhas novas), sendo que a parte traseira do mesmo está em ruínas. Nelas destacamos o conjunto de arcos, outrora uma parte superior do interior do mosteiro e que agora se encontra por terra;e um sistema de aproveitamento de água através de canais escavados na rocha onde, passados inúmeros séculos, a água pura e cristalina do Gerês ainda corre. Voltando ao ponto de partida, tomamos rumo para outro ponto importante de Pitões das Júnias: uma grandiosa cascata com direito a um recente miradouro, antecedido por 1km de escadas em madeira.
O dia ia já a meio quando entrámos em terras Galegas, sendo o nosso primeiro destino o Castro de Santa Tegra, este situa-se num topo do monte com o mesmo nome, onde se pode avistar o encontro do rio Minho com o oceano Atlântico: a fronteira natural que separa Portugal da Galiza.
Passando La Guardia iniciamos a subida ao monte, onde a meio deparamo-nos com uma enorme fila de automóveis, sendo-nos perceptível um pouco mais tarde que a causa era uma pequena portagem de 80 cêntimos por pessoa, que justificavam a subida ao castro e ao museu já fechado! Chegados então ao castro, a sensação que nos transmite é indescritível, uma autêntica viagem no tempo onde os ecos de uma cidade outrora imponente se manifestam, ainda, no presente, de modo a adivinharmos o modo de vida que levariam. Inúmeras casas circulares e algumas rectangulares estendendo-se pela encosta acima do monte; testemunhos de uma grande citânia. “Quanto à vida do povoado, todos os dados coincidem em apontar a sua ocupação durante o último terço do século I a C e o abandono da sua maior parte nos finais da I d. C.; isto é, que parece levantar–se pouco a pouco da integração destas terras no império romano”. No entanto, é impressionante a quantidade de cruzes católicas e elementos cristãos (Via Sacra e a ermida de Santa Tegra) como que a querer apagar a presença pagã destes povos celtas. De regresso à estrada, passamos por Oia onde visitámos o Mosteiro de Oia. A sua construção iniciou-se no séc. XII e assemelha-se a um castelo-fortaleza, sendo localizado mesmo à beira-mar, é o único mosteiro de ordem de Cister que possui estas características. Também não podemos esquecer que este mosteiro foi usado na guerra civil espanhola como prisão e campo de concentração, trazendo à memoria os tempos em que também foi aproveitado na Inquisição. A próxima paragem foi Baiona, a cidade que ficou conhecida como uma antiga zona de piratas, que aproveitaram a cidade devido ao seu magnífico porto; e que no séc. XV assistiu à chegada da caravela Pinta, tornando-se no primeiro porto Europeu a ter o conhecimento da descoberta da América.Prosseguindo a nossa rota, parámos em La Toja, onde o ponto de interesse é uma igreja totalmente coberta de conchas. Seguindo um pouco mais a Norte chegamos à localidade de Cambados, provavelmente um dos nossos locais preferidos, a igreja de Santa Marina Dozo. Uma antiga igreja do tardo-medieval que apenas mantém a capela-mor, algumas capelas laterais e a estrutura dos arcos da nave. O cemitério que a rodeia prolonga-se até ao seu interior. Este é um local que aconselhamos vivamente a sua visita…é único! Penetrando na província da Corunha, visitamos o Dólmen de Axeitos, perto da cidade de Noia, um magnifico megalítico de oito pedras verticais, com uma laje de grandes dimensões, apenas assente em três pedras. Uma visão glorificante de um Dólmen datado de 5000 a.c.Entretanto no nosso percurso que tinha sido delineado em terras lusas, decidimos fazer uma excepção e dirigimo-nos para Corrubedo para ver o complexo Dunar, uma duna viva, que hoje mede 1300 metros de comprimento, 300 de largura e 20 metros de altura. É pena podermos ver apenas uma pequena porção da duna, visto ser expressamente proibido os humanos (aviso que existe no local) andarem sobre este monumento geológico. Partimos em direcção ao nosso grande objectivo desta viagem, o castro Barona. Seguimos a estrada que passa perto de castro, e num certo momento começamos a ver uma enorme confusão de carros estacionados, ou seja, fomos “obrigados” a deixar o automóvel um pouco distante do local, mas quem corre por gosto não se cansa, lá partimos em direcção ao castro. Seguindo as pobres indicações, embrenhámo-nos numa densa floresta onde avistamos algumas tendas montadas, sugerindo que este local poderia ser de uma grande romaria por parte dos entusiastas da cultura celta. Percorrendo mais um pouco do bosque, apercebemo-nos que está no seu término, e quando de facto termina, temos uma visão indescritível do castro Barona. É impossível transcrever as sensações que passam pelo nosso corpo e nossa mente. Depois de uns minutos completamente atónitos decidimos ir ao seu encontro, um castro que ocupa a totalidade de uma pequena península. A única entrada possível é através de uma pequena faixa de areia, visto à sua volta ser uma península rochosa. A majestosidade do castro não reside nos seus muros ou rochas, a beleza do castro Barona existe no local onde os nossos antepassados decidiram criar uma civilização e viver tranquilamente nas suas terras. Desígnio que de pouco serviu com a chegada das tropas romanas.
De tudo um pouco trazemos, para além de fotografias e ap
ontamentos, as saudades do que vimos (e do que ficou para ver!) e da história que conhecemos. Os parques de campismo na Galiza são muito bons e as auto-estradas são mais baratas do que as portuguesas, as praias Galegas são de uma beleza rara, embora a água seja muito fria, o café é de evitar: caro e de extremo mau gosto, as indicações das terras, cidades e monumentos históricos são confusas e quase inexistentes (à excepção das igrejas, conventos e mosteiros!). Convém ir bem “aviado” de mapas e de percursos pré-estabelecidos… E tudo o que se encontrar, em termos de monumentos históricos e de paisagens, é, de facto, fabuloso!

Para o ano há mais, parte dois!

Diário abreviado de dois viajantes saudosos: Taliesin e su.