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sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

CINEMA NA TEIA: INTO THE WILD

Passados alguns minutos de visualizar o mais recente filme do actor/realizador Sean Penn “Into The Wild” a rendição é absoluta. Com este filme Penn, conta a história verídica de Christopher Johnson McCandless, um recém-licenciado que rejeita todas as formas de materialismo e auto intitula-se de Alexander Supertramp. Para iniciar uma épica viagem (de dois anos) através do seu país; para realizar uma descoberta do seu ser e para concretizar a perseguição da liberdade até ao Alaska.
O filme está dividido em vários capítulos, Alex vivendo no Alaska (seu último destino) e a viagem que efectua até chegar a este lugar paradisíaco, incluindo flashbacks da sua juventude, com trágicos momentos do ambiente familiar em que cresceu e que sempre rodeou os seus pais. Ao longo da película vamos também conhecendo as últimas pessoas que tiveram a possibilidade de conviver com McCandless na sua viagem para o Alaska.
Quando estamos bem introduzidos no filme, o realizador pára a narração ( de Alex e de sua irmã) e inicia-a de um modo visual para a descrição do que existe na mente de Alex. É com este estilo visual que Sean Penn nos cativa com uma tal mestria, que por vezes sentimos que estamos a viajar lado a lado, ou até mesmo a sentir o que Christopher sentiu ao efectuar tal aventura, “aprisionados” pela própria natureza.
O que dizer deste filme?....Simplesmente uma obra de arte….extraordinário como esta película utiliza sempre uma extensão da metáfora de uma forma brilhante e consegue sempre captar a beleza que Alex viu e sentiu. Oferece-nos também uma perfeita e profunda caracterização da felicidade da natureza e a diferença entre o estar sozinho e a sensação de solidão.
As imagens podiam ser autênticos quadros visuais de poesia, a par e passo da mensagem que este filme nos transmite. Quem nunca desejou partir à aventura, desligar-se das coisas mais mundanas, materiais e banais que nos prendem ao quotidiano e ao compromisso social; quem nunca quis encontrar a serenidade de espírito no viver pelo simples prazer do viver e do existir na sua forma mais pura e verdadeira? Escapar à prisão da Sociedade?
O mergulho do Homem no lado selvagem da natureza, sendo que, desta vez, quem vence a batalha é realmente o selvagem… mesmo que após esta viagem iniciática se descubra uma verdade suprema: “Happiness is only real when shared”.
Não podemos esquecer a banda sonora de Eddie Vedder, que consegue sobrelevar, muitas vezes, ao nível da perfeição, cada uma das cenas deste maravilhoso filme.

Se espreitarem este link
AQUI podem ver algumas fotos reais dos últimos lugares onde esteve McCandless (inclusive o por si apelidado de “autocarro mágico”, que o acolheu durante 100 dias, e que neste momento está transformado em museu, em sua homenagem).

Se tivéssemos de fazer um TOP3 de filmes, para os vencedores dos Óscares, fomos unânimes em decidir assim:
1º INTO THE WILD;
2º O ASSASSINATO DE JESSE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD;
3º EXPIAÇÃO


Mas não somos os críticos…apenas uns grandes amantes do bom cinema, que gostam de partilhar estas sugestões com todos vocês!
Texto por Taliesin e Su.

Em memória de Christopher Johnson McCandless (12 de Fevereiro de 1968 – 18 de Agosto de 1992)

sábado, 23 de fevereiro de 2008

DESAFIO DAS 12 PALAVRAS

O carteiro ( do blog selos difusos) e a teté ( do blog Quiproquó) surpreenderam-me, há uns dias, com o DESAFIO DAS 12 PALAVRAS. Ora, para além de gostar de desafios, tudo o que me soe ou toque a palavras parece-me sempre bem. Por isso, em jeito de resposta, aqui deixo o meu texto, com destaque para as "minhas" (que são de todos) 12 palavras, que à sua forma e maneira são-me extremamente especiais.

palavras assim como que soltas; pétalas desfolhadas dos lábios de cada um, traduzidas em signos, tatuando papéis.
Palavras difíceis e palavras fáceis assim como as próprias pessoas. Leves e pesadas, medindo os gestos de quem as liberta.
Há palavras que nos tocam, de mãos ausentes da matéria. Palavras amantes que se deitam com o nosso corpo e acordam com a nossa alma.
Há palavras que habitam no nosso universo e outras que ficam apenas à porta…esperando uma outra oportunidade qualquer para serem usadas; e assim entram em nós.
Vestimos as palavras conforme saímos do tempo e do lugar, de nós e dos outros, dos espaços cheios e dos espaços vazios, da realidade e do sonho.
Há palavras que nos abordam como ondas de mar revolto, enquanto caminhamos descalços à beira da Vida. Deixamos as pegadas na areia molhada em forma de passado…que desaparece, lentamente, conforme a água que nos vem do presente.
Há palavras que são como lágrimas, arrastando-nos dentro de nós mesmos atrás de uma dor infinita e cruel; porém, outras iluminam-nos como as estrelas e a lua, nos céus que fazemos existir aqui na terra, à nossa beira.
Há palavras que nos escondem na noite enquanto o mundo adormece na perfeita certeza de que assim é que está certo. Existem outras que nos despertam adrenalina, correndo em vez do sangue, pelos caminhos do nosso corpo.
Sejam quais forem as palavras, serão sempre as palavras a espiral que nos liga uns aos outros…como a mais delicada mas resistente Teia do Amor.

Uma das regras dita que a seguir escolho mais 12 "escritores" para nos revelarem as suas 12 palavras (estou a tentar nomear bloguistas que ainda não tenham sido nomeados para este desafio). Engraçado é ver a coincidência de gostos nas palavras que dizemos e escolhemos:
gerlane
Considerem-se desafiados, e mesmo aqueles que aqui não estejam nomeados, em jeito de lista. Afinal, as palavras são mesmo de todos!
Conselho musical: RADIOHEAD - In Rainbows

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

O PODER

É hoje que penduro o Tempo a um canto
E espanto as Horas da minha frente.
É hoje que penduro o coração ao
Sol
E deixo-o secar à luz do teu
Amor
É hoje que dou corda à Alma
E corro mais do que a Vida inteira.
É hoje que sonho acordada
E adormeço, deliciosamente cansada.

Porque é Hoje, como sempre,
Que o meu Agora existe.
Em Pleno.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Qual é a vossa constelação?!

Quando eu era pequenita, a minha avó, e também a minha mãe, costumavam-me dizer que não devia contar as estrelas. Era um acto que resultava numa coisa má, pois podiam aparecer-me sinais no corpo. E então eu contava às escondidas, não sei bem de quem, com a estranha sensação de que estava a infrigir uma qualquer lei sagrada e ancestral. Na ausência da amiga Lua, andava sempre, literalmente, com o nariz espetado na noite, em alturas de céus negros e brilhantes, descobrindo os quatro cantos possíveis às posições das estrelas. Se de dia me entretinha com os desenhos das nuvens, à noite desenhava com as estrelas…e talvez tenha sido assim que me surgiu este gosto urgente pelo desenho e pela pintura. Também se “escreve” com as imagens.
Não pedia desejos. Esquecia-me de o fazer perante a beleza das “estrelas” que “caiam”. Só mais tarde, na varanda da casa da minha prima Sandra, algures no Norte, até às tantas da madrugada, na companhia do voo rasante dos morcegos, de um bom cobertor, almofadas e do nosso piquenique nocturno, é que ficávamos em grandes conversas, enquanto esperávamos os desejos, à conta da queda de umas quantas estrelas. O céu é mais límpido e está longe das luzes e dos fumos das cidades.
Hoje em dia, não é que eu não tenha desejos, mas voltei àquela fase da infância em que me deleito a olhar para os céus, admirando e desenhando todas as formas possív
eis e impossíveis; descobrindo os nomes oficiais das constelações. A companhia é outra mas a hora continua a resultar na mesma: de madrugada… enquanto passeio o meu Sky!
Lembro-me, há muitos anos atrás, da altura em que descobri que estando a olhar para o céu e para as estrelas é estar a olhar para o passado. Fiquei “assombrada”! A minha mente não conseguia fazer a ginástica necessária para entender esse raciocínio. Não conseguia perceber como é que podia estar, no presente, a observar uma estrela que poderia já não existir. Fazia-me cócegas no inteligível tentar compreender que poderia estar a olhar para um eco do passado. Que o brilho das estrelas demoram uma determinada quantidade de anos-luz (distância percorrida pela luz durante um ano, a uma velocidade de quase 300 000 km/s!) a chegar até nós; que chama-se de magnitude aparente à intensidade do brilho que vemos nas estrelas; que a cada temperatura superficial das estrelas corresponde uma determinada cor; que existem enxames estelares, nebulosas e maternidades de estrelas, entre outras coisas espectaculares e dignas de nota.
Sempre admirei a Constelação de Orion. Antes de saber que era assim que se chamava, seguia, quando era a posição dela no meu horizonte de céu, as três irmãs. Aquelas três estrelinhas que se seguem em linha recta, muito juntinhas umas às outras, como se estivessem numa carreirinha. Mais tarde, é que aprendi, por mote próprio, que faziam parte de uma constelação, e eram designadas pelo “cinturão de Orionte”. Neste momento, todas as noites, descubro-a bem visível enquanto ando de novo com o nariz espetado nas estrelas. Está aí bem em cima de nós!
Esta constelação é conhecida desde a Antiguidade. Nela, os Sumérios viam a figura do seu herói Gilgamesh (4000 a.c.). Surge numa escultura de um templo egípcio de cerca de 3285 a.c., com o nome de “Sahu”. Para os Acádios tinha o nome de “Uru-Na-Na” (a Luz do Céu) e para os Assírios e Caldeus era “Dumu-Zi” (Filho da Vida). Ficou conhecida, contudo, com o nome que lhe foi atribuído nos primórdios da civilização grega: Orionte. Segundo a mitologia, era um gigantesco caçador, filho de deuses, que tinha crescido tanto que podia caminhar com os pés no fundo do mar e a cabeça acima da água. Usava uma moca e uma pele de leão. Fazia-se acompanhar pelo seu cão Sírio. Foi companheiro de caça da deusa Diana. Perseguiu as Plêiades durante cinco anos, e estas só conseguiram escapar com a ajuda de Zeus, que as transformou em pombas, colocando-as no céu, entre as estrelas. Apaixonou-se por ele Eos, a Aurora, e diz-se que a deusa continua ainda a enrubescer todos os dias com a recordação desta paixão, explicando-se, assim, a cor do céu ao amanhecer. Diz a lenda que morreu com uma flecha enganada de Diana, outras dizem que foi um escorpião que perseguiu, picou e matou este gigante. Com a sua morte foi levado para o Tártaro, e aí tan
to o gigante como o seu cão foram convertidos em constelações. Quando
se avista Órion no céu não se vê a constelação de Escorpião, e vice-versa.
Mas na Astronomia herda-se apenas o nome que lhe foi dado pela Antiguidade. O mito fica para trás e a ciência informa-nos que o Inverno do hemisfério norte é uma excelente época para a ver nas primeiras horas da noite. As estrelas que formam o cinturão são chamadas de Delta (920 anos-luz), Épsilon (1340 anos-luz) e Zeta (920 anos-luz). São estrelas muito quentes, por isso revelam uma cor azulada. No trapézio formado pela restante constelação destacam-se uma das estrelas mais brilhantes, a gigante vermelha Alfa (também chamada de Betelgeuse, a 430 anos-luz) e a sul do Cinturão uma nebulosa, que é considerada uma das mais belas dos nossos céus. Está situada a uma distância que ronda os 1400 anos-luz e tem um diâmetro superior a 20 anos-luz. Pode ser detectada a olho nu, em local adequado. É um ninho onde se estão a formar novas estrelas, com matéria suficiente para formar dez mil estrelas como o
Sol. Aconselho-vos um livro fantástico: MITOS NO CÉU, de António Magalhães, Editora Gradiva.

...isto só porque ando a olhar para as estrelas...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

SELO

"Põe-me como um selo sobre teu coração,
como um selo sobre teu braço!
Porque é forte o amor como a morte,
e a paixão é violenta como o abismo:
suas centelhas são centelhas de fogo,
labaredas divinas."

in Cântico dos Cânticos (Bíblia Sagrada)

...e um poema, aqui, para ti...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Enfim conseguiram. Malditos sejam. Sem fogo nos céus; tampouco as estrelas caíram; sequer avistei a Besta Escarlate. Acaso o seu número seria mesmo 666? O João, aquele do Livro das Revelações, escreveu por enigmas. E que enigmas! Indecifráveis. Não há prostitutas no céu; nem toque das sete trombetas; sequer as sete taças com o conteúdo da ira do Senhor. Foram-se os continentes... Retornaremos ao pó, poeira no fundo do grande oceano. Único; o último sinal do fim dos tempos.
Trimmmmm.
"Ah, é você? É, estava dormindo. Tive um sonho estranho, que o mundo se acabava em água. A exposição de Salvador Dali? Estou lembrado, nos encontramos lá. Um beijo, querida!"

texto de oliver pickwick (do blog O MELHOR BLOG SOBRE NADA)
Muito obrigado, oliver, pela tua partilha aqui na Teia, do teu enorme talento como prosador...bela "sinfonia" de letras apocalípticas que nos deixaste no post IMAGEM PROCURA TEXTO.
SEREMOS MESMO OS "ÚLTIMOS" DOS TEMPOS?!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

CINEMA NA TEIA: EXPIAÇÃO

Expiação

Título original: Atonement
Género: Drama/ Romance
Classificacao: M/12
FRA/GB, 2008,
Cores, 130 min.

Procura-se a salvação a qualquer custo; a redenção da alma; a eliminação do peso da consciência e a limpeza do remorso do coração. A qualquer custo nem que se altere o curso de uma história que nos persegue como um fantasma (de modo a obter um perdão final), através da confissão do que inicialmente e verdadeiramente se passou.
Os condimentos para a intriga principal são: Briony Tallis, uma jovem escritora de 13 anos, com uma imaginação fértil e sem limites; Cecília, a irmã mais velha de Briony; Robbie, o jovem filho do mordomo e, finalmente, um Verão (1935) anormalmente quente, ou pelo menos, um dia de Verão extremamente quente que gera um ambiente asfixiante…e os acontecimentos sucedem-se, de repente, em catadupa, ao som meticuloso e muito bem encaixado, do teclado de uma máquina de escrever. Concretizam-se a paixão e o amor, antigos, de Cecília e de Robbie, finalmente confessados um perante o outro. Porém outra testemunha de tal confissão sente-se incomodada com essa situação: Briony, que gosta de ter a atenção de Robbie. Entretanto, uma adolescente amiga da família, juntamente com o seu irmão, está a passar uns dias naquela casa, assim como um amigo mais velho do irmão de Briony e de Cecília. Esta adolescente começa a ser perturbada por alguém, chegando ao ponto de ser violada, nessa mesma noite. Briony consegue chegar a tempo de testemunhar quem fora o autor, mas levada por uma imaginação fértil e perturbada, o seu testemunho vê e acusa apenas uma pessoa: Robbie. Repete perante o inspector da polícia, que viu claramente, “with my own eyes”. Robbie é levado e preso e escolhe, como alternativa, ser soldado e ir para
a guerra durante uns anos. Cecília ainda consegue garantir-lhe os seus votos de amor, dizendo que esperaria por ele.
O rumo da história natural e esperada destas três personagens é alterado, graças ao acto infantil de uma delas: Briony. E é a partir dela que se consome a acção deste filme nos acontecimentos futuros e inesperados que se lhes sucedem: à procura da redenção e da compreensão, afinal, do que é o verdadeiro amor.
Uma excelente adaptação do romance de Ian McEwan pela equipa de "Orgulho e Preconceito". Expiação foi nomeado para sete Globos de Ouro, tendo arrebatado os prémios de melhor filme e banda sonora original. Banda sonora muito bem encaixada com a acção do filme e deliciosamente tocante, paisagens fotográficas espectacularmente poéticas.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

E num instável equilíbrio
desafio as tuas suaves carícias,
como ondas que me vêm beijar.
Aqui neste instável equilíbrio
entre a terra e o mar
Aqui, onde apenas eu existo
aqui onde me sento a sonhar.

poema por oartista

Mais um texto inspirado na IMAGEM PROCURA LEGENDA de há uns post`s atrás aqui na TEIA. Desta vez, a simplicidade bela que aqui foi deixada pelo oartista (do blog Entre Telas e Pincéis). Muito obrigado.

ONDE É O "AQUI"?!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

AUSTRALIAN PINK FLOYD




Foi ontem, dia 3 de Fevereiro, na Aula Magna em Lisboa, que tive a oportunidade de assistir a um excelente espectáculo musical. Estive a usufruir ainda de uma prenda de Natal (já te agradeci imensas vezes, Taliesin, esta é ainda outra: Obrigado!). Os Australian Pink Floyd existem desde 1988 e são “apadrinhados” por David Guilmour. Inclusive chegaram a actuar nas celebrações do 50º aniversário de Guilmour, em Londres a pedido deste. São apelidados pelos Aussie Floyd (www.aussiefloyd.com) e são membros da banda: Steve Mac (voz e guitarra); Damian Darlington (voz e guitarra); Colin Wilson (voz e baixo); Jason Sawford (teclados); Paul Bonney (bateria); e três excelentes vozes femininas, das quais destaco Bianca Antoinette. Foram duas partes de concerto com direito a intervalo (nunca tinha assistido a tal!), visto que a banda é adepta de umas quantas cervejas! Sala cheia, espectáculo de luzes e de imagens ao nível do que é possível em termos de capacidade desta mesma sala, um som sem distorções e perfeitamente nítido, e a música e vozes cópias perfeitas dos originais Pink Floyd. Fechávamos os olhos e parecia estarmos a escutar um original! Impressionante e diversas vezes arrepiante. Colin Wilson em harmonia com a voz de Roger Waters e Steve Mac, assim como Damian Darlington, as vozes de Guilmour! Como disse, bastava fechar os olhos. De destacar os instrumentos de sopro, as cordas e os teclados…as vozes femininas, como disse ali em cima, a de Bianca especialmente, levou o público ao rubro, com as potencialidades da mesma ao vivo! Quase duas horas e meia do som psicadélico, alucinado, intimista, poético e quase impossível de distinguir dos verdadeiros Pink Floyd. As imagens digitais projectadas atrás da banda e que acompanhavam os temas musicais não eram de grande qualidade mas davam azo à alucinação das letras, complementando-se perfeitamente uma com a outra. As cabeças dos martelos do The Wall aqui são substituídas por cangurus; aliás, são frequentes as alusões à Austrália, quer em imagens quer em algumas sonoridades que se descobriam algures por lá! O público aplaudiu em pé alguns temas e pediu, entusiasta, um encore que nos foi dado com Run Like Hell. Muitos temas forma tocados, dos quais destaco: Time; Set The Controls For The Heart Of The Sun; Another Brick In The Wal part I e II; The Great Gig In The Sky; Sheep; Money; Wish You Here; Learning To Fly; Mother, entre outros.
Saí da Aula Magna com vontade de continuar no concerto.
Entretanto, hoje andava a ver se dava conta de alguma crítica à noite de ontem e encontrei uma no Disco Digital, por João Gonçalves ,
com o título: “Australian Pink Floyd: É Carnaval, Ninguém Leva a Mal!”. Ora, este senhor, que deve levar muito a peito a sua tarefa de criticar na acepção mais básica e comum do que é criticar, optou por dizer mal de um evento, precisamente por ter corrido tão bem! Vamos lá a ver…então é assim: Os Australian Pink Floyd, por tocarem de um modo tão idêntico e perfeito quanto os Pink Floyd, são acusados de serem umas cópias tipo máscaras,que até calham bem porque estamos na época delas. São “uns australianos numa espécie de Chuva de Estrelas em domingo à noite dedicado aos Pink Floyd…", disse ele. Pois quanto a mim, Sr. João, ainda bem que estes australianos se dignaram a iniciar a sua tournée aqui em Portugal, ontem, pois assim tive o prazer de conhecer esta excelente e reconhecida banda de tributo; para além de me fazerem recordar o quão magnífico foi o concerto dos Pink Floyd há mais de dez anos atrás, em Alvalade; sendo que, desta forma, deu para “matar um pouco das saudades da minha banda de eleição. E já que os Pink Floyd não vêm cá ao menos que decida passar por cá alguém que nos lembre deles. E não, Sr. João, não nos esquecemos de Guilmour, Nick Manson, Richard Wright e Waters nem os confundimos com os vocalistas dos Aussiefloyd (apesar da qualidade das vozes também destes últimos!).
Segundo, Sr. João, parece-me muito mal ir a um espectáculo musical e sair de lá a criticar o público por também ter estado impecável, à imagem e semelhança da banda! Digam-me lá se isto não é criticar por criticar?! Ou então, sendo um pouco mazinha, má-vontade?! Voltou a dizer o Sr.João: “Impressionante é ver a reacção da plateia que vai reagindo como se ali estivessem Guilmour, Nick Manson, e Richard Wright... Já nem falo em Roger Waters no mesmo palco.” ou “Não era caso para se pedirem músicas nos intervalos silenciosos, e para se exigir um encore daquela maneira histérica. De qualquer maneira o povo é que sabe…” e ainda “O povo à saída da Aula Magna comentava que «isto merecia era um Pavilhão Atlântico...», sendo que «isto» foi o musical a que tinha acabado de assistir. E se o povo aprova... Mesmo porque já diz o provérbio: é carnaval ninguém leva mal!”. Pois é Sr. João…o povo gostou e manifestou a sua humilde e franca opinião. Parece-me algo perfeitamente lógico fazê-lo em situações de agrado e afins, não?! Ou seria uma questão de bom tom e de etiqueta dar um par de aplausos e dizer “Que caturreira! Então vá…”?! Pois é Sr. João, o povo gostou (eu até comprei uma t-shirt preta com um canguru cor-de-rosa à frente, e as datas dos concertos atrás! Bem à portuga, não?!) e aqui este membro do povo não consegue perceber a pertinência nem a lógica de se fazer uma crítica a criticar tudo o que correu bem…por correr precisamente bem!
Sr. João, pois olhe, a mim ninguém me paga para criticar; seja como for elaborei aqui a minha humilde crítica, construtiva ao espectáculo que assisti ontem. O único senão em todo o concerto foi uma das portas laterais do palco que estava constantemente a abrir e fechar, para dar entrada ou saída aos membros que estavam em palco…e podia estar tapada por um cortinado negro de maneira a não se notar.
Mas, provavelmente, Sr. João, o senhor estava a mascarar-se de crítico musical…e eu é que levei a sua crítica demasiado a sério. Esqueci-me, por momentos de que é Carnaval…e se o seu disfarce é de crítico musical…não faz mal…ninguém leva a mal!

Encontramo-nos na crítica do concerto dos Portishead em Março!

sábado, 2 de fevereiro de 2008

O Mar imenso de solidão que me invade o peito… Os torvelinhos de pó das cinzas que cai da minha mão…
O Guarda-Chuva que se equilibra numa outra…
As nuvens que se bailam pelo céu, nas alturas…
Os farrapos vermelhos que visto, para colorir a minha pele esbranquiçada
O barco de papel que aguarda que uma onda gigantesca se suavize para o fazer flutuar e navegar,
Num rumo sem direcção certa…
Os tons azuis e acinzentados que se escorrem como lágrimas na parede,
as riscas verticais aprumadinhas em volta do
Quadro Perfeito dos meus Sentires!!!

Texto por OP. LOUCA ( blog: River of Emotions). Mais um texto, dos vossos, retirado do antepenúltimo post aqui da TEIA: IMAGEM PROCURA TEXTO (podem enviar mais!).

... da queda também resulta o equilíbrio (?!)...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Resultaram textos belíssimos do post anterior IMAGEM PROCURA TEXTO (podem e devem continuar a deixar lá mais textos!). A TEIA agradece e vai colocar, um a um, cada um dos vossos textos, com uma outra imagem e outra música associadas. Começamos com este da Carmen Zita, feito no momento, na inspiração da imagem e do seu talento, diga-se de passagem!
"Quando invadiste o meu mundo,
nada nele era água,
nada nele era azul.
Quando invadiste o meu reino,
todas as cores se transformaram
num só tom que mantiveram,
até ao dia em que esse reino
decidiste abandonar.
Lágrima, chuva, onda e maré
e eu viajante, sem ponta de ,
em pequeno e frágil barco de papel,
tantas vezes construído por minhas mãos
e lançado em oceanos profundos,
decorado com todos os sonhos,
que hoje se revelaram inúteis e vãos."

Carmen Zita Ferreira
30. 01. 2008QUAL É A VALIDADE DOS SONHOS?