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sábado, 23 de janeiro de 2010

NA TELA DA TEIA: "Where the wild things are"


Este filme é uma adaptação de um livro infantil, com o mesmo nome, escrito por Maurice Sendak. Com realização de Spike Jonze e produção de Tom Hanks, acaba por ser um filme de crianças para adultos. Max é um miúdo com problemas comportamentais que o levam a querer ter todas as atenções da sua família em si. Após uma discussão com a sua mãe, ele foge de casa, trajando o seu fato de fantasia de coelho. Parte para um mundo imaginário que é uma ilha, cujos habitantes são monstros de proporções enormes. Para não ser devorado por nenhum deles, Max afirma que era um rei no local de onde vinha e aceita ser o rei desta tribo. Cada um dos monstros tem uma personalidade forte e isso é revelado ao longo do desenrolar da acção, enquanto Max relaciona-se com cada um deles. Ao mesmo tempo orienta a construção de um ninho para todos. Os monstros acabam por ser uma metáfora para os seres humanos. Estabelecem uma série de relações complexas, revelam os seus problemas e as suas atitudes exemplificam a nossa sociedade emocional. Max acaba por descobrir que não é muito diferente do mundo de onde tinha vindo...e que a melhor forma de lidar com os problemas e medos é enfrentá-los. E preencher tudo...com AMOR.
Por vezes, o filme perde-se um pouco no absurdo de alguns diálogos...mas acaba-se por perceber a semi-resposta à questão (que não o chega a ser!) do filme:"Where the wild things are?"...fácil: Apenas dentro de nós!Fiquei fã das autênticas "fotografias" deste filme. Muitos tons de sépia, muitos planos de vastos desertos e florestas secas sob um céu extremamente azul ou acompanhando um pôr-do-sol.
Também fiquei fã da banda sonora. O filme abre com Arcade Fire e ao longo do mesmo somos presenteados com temas de Karen O. and the Kids (Karen O. é a vocalista dos Yeah, Yeah, Yeahs!).
Sei que até já há merchandising à volta deste filme: roupa, acessórios, objectos e bonecos. É uma autêntica febre em alguns países! Quem vê o filme percebe.
Tenho de o ver novamente, agora um pouco desligada da história e mais centrada na imagem...como se estivesse a folhear um álbum de fotografias! :)
Eis os "monstros" (que estão brilhantemente concebidos):
Vejam esta montagem de partes do filme, com uma das músicas:

domingo, 17 de janeiro de 2010

Enquanto o Diabo peca Atrás do altar
Deus veste as asas de um anjo qualquer
Deixa a sua casa abandonada
Mas quem entra não vê nada
Para além da cegueira terrestre
As preces são outra forma de ilusão
De quem tenta superar a Vida
E quando o Anjo bate à porta
Da alma de cada um
Vestimo-la da cor que queremos
O meu Anjo Negro
Ao esquecer as chaves em casa
Visitou-me nesse altar.
Era eu quem estava a pecar:
Deus e o Diabo no mesmo rosto.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

OBITUÁRIO: LHASA DE SELA (1972-2010)

Folheava as páginas do Expresso, assim numa primeira tímida abordagem (antes de uma voraz leitura) quando encontro a notícia do falecimento desta diva da música: LHASA DE SELA. Tive uma espécie de baque...como se fosse uma daquelas coisas inesperadas que pensamos nunca vir a acontecer a qualquer um de nós, ou a alguém próximo de nós. Era um das artistas que esperava ver actuar ao vivo em Portugal (sei que já actuou, mas eu nunca tive o privilégio de assistir).
Infelizmente, faleceu na primeira noite de Janeiro. Cedeu à luta contra o cancro da mama; luta essa que já travava há 21 meses. Esta diva nova-iorquina (criada entre os EUA e o México) legou-nos uma voz de timbre grave e intimista, acompanhando suaves melodias cheias de significados fortes e de palavras densamente poéticas. Era a mulher que acreditava em lendas e em milagres...ficam três álbuns que valem a pena constar das nossas discotecas.Só lamento, de facto, não existirem milagres de modo a que esta cantora não se torne a lenda, mas sim continuasse a ser a mulher de carne e osso, de alma e de voz, entre nós, cantando e encantando, como só ela o sabia fazer.

Enquanto te perdias na névoa cinzenta
Eu seguia a tua voz cintilante
Como se fosses tu o farol num dia de tempestade
Em que eu tentava lançar âncora à vida.
Os fios das palavras ligavam-nos
Tenuemente
Pequenas lágrimas de gelo
No degelo das eras.
Mas o mar que nos movia
Era imenso entre os cantos da vida.
Alma demasiado grande
Para ser contida num só mundo.





sábado, 9 de janeiro de 2010

Existem sombras geladas por detrás de cada palavra dada no caminho por semear...salto entre linhas enquanto espreguiço os ramos acesos de fogos interiores por entre letras-combustíveis de textos castigados por uma Neo-Inquisição. Revolto-me em labaredas de corpo dançante enquanto solto nuvens dos cabelos como se fossem sonhos fugindo à frente de cavalos lançados por entre ondas gigantes, abraçando em fúria toda a terra.Mais cedo ou mais tarde todos os textos construídos cairão como peças de dominó perante tudo o que já foi dito. Esgotados como as forças da própria Terra, a compreensão da própria existência deixará o seu sentido ao acaso... ...como eu...

domingo, 3 de janeiro de 2010

Esta capa de Inverno que me cobre deixa-me estéril de palavras redentoras sobre o que supostamente vive dentro de mim. Ou nos outros. Mesmo que a capa dos outros não seja capa, apenas o corpo. E como não me alimento do corpo procuro o sangue. De tal modo que me faça renascer a alma em cada uma das palavras, sem que seja necessário esconder-me do dia, vestindo-me apenas da noite. Sem que tenha de pendurar a alma cansada e gasta de palavras no céu da noite...de cada vez que olhar lá para cima, entre tanta escuridão...não a encontro. Mas é lá que moram as estrelas, eu sei. E é por isso que repito esse gesto exausto, todos os dias e todas as noites...mesmo sem palavras...