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As receitas para se ser feliz já não são passadas porque deus demitiu-se do seu papel de médico, aliás, demitiu-se da sua própria criação e passou a ser apenas o empregado de balcão que serve o álcool para afundar as mágoas de quem passa pela vida. As pessoas acotovelam-se, moribundas, nas autoestradas que rasgam a existência até à última saída que é a morte.
Aqueles que seguem os desvios parece que encontraram a felicidade mas, logo a seguir, vêem-se de novo nessa autoestrada, a carpir as mágoas e os desesperos que se amontoam como os tais trapos de misérias.
Trocam-se...sim...como a água e o pão...como o sangue e como o corpo de um profeta qualquer que deixou palavras agora deturpadas que nem ecos são do que outrora foi dito.
Sonhei com uma nova religião em que o Homem deixou de ser o centro individual de si mesmo e a Natureza passou a ser respeitada como a única força motora capaz de provocar desde a vida à morte o movimento e a paragem...a glória e o martírio. Sem passados nem futuros, sem projectos e sem abandonos, sem causas nem consequências. O que é...apenas é. Nada mais do que isso.
E o melhor nisto tudo...é saber que se pode fechar os olhos e fugir de si mesmo.