De malas feitas, fizemo-nos à estrada porque o trajecto desde cedo estava estipulado. Assim sendo, chegamos a Penafiel, mais especificamente ao Castro de Monte Mozinho ( para quem quiser saber: saindo de Penafiel, toma-se a EN 106, em direcção de Castelo de Paiva. Passados cerca de 4km, corta-se à direita para a EN 106-3, em direcção a Paço de Sousa. Ao fim de 500m, corta-se à esquerda para o caminho municipal 1300, sinalizado como Castro de Mozinho. Passados 4,6km atinge-se o local de estacionamento do castro e, depois, é só seguir as placas, a pé). Com um amplo parque de estacionamento e espaço ajardinado, um Centro de Interpretação e, um pouco mais distante, uma moradia particular com uma oficina, onde era visível vestígios de trabalhos de recuperação de cerâmicas e de outros objectos, provavelmente encontrados no castro. Fomos recebidos por dois simpáticos vigilantes: um cão d´água pachorrento e um gatinho bebé preto e peludo, que ainda me presenteou com umas lambidelas. Iniciamos a ligeira subida do monte, encontrando de imediato um antigo canal de água, o qual, viemos mais tarde a saber, delimitava todo o castro. Mais à frente, trabalhava um conjunto de arqueólogos e de locais na escavação de umas quantas casas, pertencentes já ao castro. A visão que se nos depara após uma curva de estrada de terra batida é espectacular: o castro surge imponente e muito bem recuperado e preservado. Uma entrada principal, ainda lajeada, assim como três linhas de muralha circundando o castro. Numa linha interior abrem-se portas e rampas de acesso. Ainda são visíveis os arruamentos pavimentados com as lajes e com os respectivos sistemas de escoamento de águas domésticas e pluviais e caleiros. Podemos encontrar as casas com formas tanto circulares como rectangulares, em redor de um pátio principal. Junto da rua principal, na área exterior à primeira muralha é visível um podium de um pequeno templo. Na plataforma cimeira deste castro encontra-se um amplo recinto circular, provavelmente de utilização pública. Fora do espaço urbano sabemos que se encontra uma necrópole, contudo não a encontramos.
Este povoado pode ser inserido na categoria dos oppida, tanto pela sua dimensão como pela sua cronologia, datado da época de Augusto e com um desenvolvimento mais acentuado do mesmo ao longo do século I. Foram recolhidos imensos materiais de cerâmica da Idade do Ferro, cerâmica comum romana de importação, vidros, moedas, joalharia e aras, uma das quais devotada a Júpiter ( o que prova a expressiva romanização deste castro).
A vista, como costuma ser no caso destes povoados, é fabulosa.
Este povoado pode ser inserido na categoria dos oppida, tanto pela sua dimensão como pela sua cronologia, datado da época de Augusto e com um desenvolvimento mais acentuado do mesmo ao longo do século I. Foram recolhidos imensos materiais de cerâmica da Idade do Ferro, cerâmica comum romana de importação, vidros, moedas, joalharia e aras, uma das quais devotada a Júpiter ( o que prova a expressiva romanização deste castro).
A vista, como costuma ser no caso destes povoados, é fabulosa.
De seguida, Citânia de Sanfins. Para quem parte de Paços de Ferreira, segue-se a EN 319 em direcção a Santo Tirso. Ao fim de 1.7km, na localidade de Trindade, corta-se à direita para a estrada municipal 513, na direcção de Sanfins de Ferreira. Passados 7.7km, seguindo a sinalização, encontra-se a Citânia de Sanfins. Desde já, pessoalmente, gosto de referir que é uma das mais marcantes em PORTUGAL. É uma das grandes citânias do Entre Douro e Minho, para além de ser considerada como um dos melhores exemplos do proto-urbanismo da II Idade do Ferro. Tem três linhas de muralhas, mais um quarto alinhamento complementar. Estas muralhas apresentam diversas portas, reforçadas por fossos a Norte e a Sul. Junto de uma das portas, na segunda muralha, foi encontrada uma estátua de guerreiro, actualmente representada por uma segunda réplica (tive a oportunidade de ver a primeira, em pedra. A recente réplica é de ferro, o que tira a beleza fiel ao que devia ser a estátua).
A estrutura deste povoado é ordenada por um enorme eixo Norte/ Sul, atravessado por diferentes eixos perpendiculares. Com delimitaçãos de arruamentos lajeados e muros rectangulares, encontramos as casas circulares (com ou sem vestíbulo) e rectangulares. Uma das unidades domésticas encontra-se reconstruída, de modo a dar a compreender melhor ao visitante, como se organizavam estas casas.
Perto do marco geodésico, no ponto mais elevado, subsistem os alicerces de uma capela medieval (dedicada a São Romão) assim como uma necrópole em seu redor.
Existe um balneário castrejo (que desta vez não vimos), localizado fora da área urbana e junto a uma pequena nascente da qual ainda brota água. É de cortar a respiração a visita desta citânia...praticamente sente-se o que foi o dia-a-dia daquele povoado.De volta à estrada, e de novo por Santo Tirso, tomamos a EN 319 na direcção de Paços de Ferreira. A 7.6km chegamos à localidade de Monte Córdova e junto à Igreja Paroquial cortamos à direita, em direcção à Estação Arqueológica. A partir daí, seguimos uma estrada empedrada até à Capela da Senhora do Padrão. O carro ficou aí e após uma breve visita à Estação Arqueológica, fizemos a subida do Monte Padrão. Onde encontrámos um grupo de sapadores florestais que vigiavam a existência de algum incêndio na redondezas. Uma das primeiras visões que tivemos foi da necrópole que está datada da época medieval e onde prontamente um dos sapadores nos mostrou alguns restos ósseos que ainda se encontram facilmente incrustados na parede térrea e o mais arrepiante é a existência de um túmulo ainda por abrir…que local mais fantástico!!!
Sabemos também que a ocupação deste castro remonta ao século IX a.c. e teve uma ocupação romana, através da observação de diversos compartimentos estruturados em torno de pátios centrais. Aliás este castro situava-se muito perto da via romana que ligava o Porto (Cale) à estrada Braga-Mérida.
Novamente na estrada, a caminho de mais um monumento arqueológico, chegámos até à Povoa de Varzim, mais precisamente à localidade de Terroso. A ida até este local era quase obrigatória devido ao facto da história do livro de João Aguiar “ Uma Deusa Na Bruma “ se passar na Cividade de Terroso. Chegados à porta do centro de interpretação da Cividade, apercebemo-nos que o horário de visita estaria a terminar. Por isso visitámos o centro um pouco à pressa para termos tempo suficiente para ver a Cividade.
Mas para nossa surpresa o senhor muito simpático disse que iria fechar o portão mas não existia nenhum problema em ficarmos no interior desde que saísse-mos por um local que ele prontamente nos explicou…é só para alguns!!!!
Com o sol na sua acentuada fase descendente no horizonte a paisagem é belíssima. Com a cidade da Póvoa de Varzim ao fundo, a ver-se o mar e com estas pedras que possuem tanta história, é de ficar num outro mundo, numa outra época, absolutamente de arrepiar.
Caminhando pelo castro verificamos que se organiza através de arruamentos ortogonais, para os quais abriam núcleos familiares. E de facto ao percorrer todos os recantos, tivemos uma sensação muito idêntica, existe algo de “tristeza” na atmosfera que rodeia a Cividade. Provavelmente estas pedras ainda se lembram da passagem em 137 a.c. do exército romano comandados por Décimo Júnio Bruto, o qual deu ordens para incendiar o castro. Embora não exista nenhum prova de alguma batalha neste local, mas foi a partir desta data que as construções se alteraram, vulgarizando-se as plantas rectangulares, a cobertura dos edifícios com telha de tipo romano, a nuclearização das construções e outros indícios de aculturação.
Estando na hora de partir, estava a ficar tarde para ainda viajar até Montalegre, decidimos abalar. Mas pelo caminho ainda parámos num mirador em plena Serra do Gerês e a vista foi alucinante. Num lado o sol a esconder-se, utilizando as montanhas como cortinas e virando o corpo 180º víamos a Lua a nascer…um cenário idílico…um momento único na vida que jamais esqueceremos.
Sabemos também que a ocupação deste castro remonta ao século IX a.c. e teve uma ocupação romana, através da observação de diversos compartimentos estruturados em torno de pátios centrais. Aliás este castro situava-se muito perto da via romana que ligava o Porto (Cale) à estrada Braga-Mérida.
Novamente na estrada, a caminho de mais um monumento arqueológico, chegámos até à Povoa de Varzim, mais precisamente à localidade de Terroso. A ida até este local era quase obrigatória devido ao facto da história do livro de João Aguiar “ Uma Deusa Na Bruma “ se passar na Cividade de Terroso. Chegados à porta do centro de interpretação da Cividade, apercebemo-nos que o horário de visita estaria a terminar. Por isso visitámos o centro um pouco à pressa para termos tempo suficiente para ver a Cividade.
Mas para nossa surpresa o senhor muito simpático disse que iria fechar o portão mas não existia nenhum problema em ficarmos no interior desde que saísse-mos por um local que ele prontamente nos explicou…é só para alguns!!!!
Com o sol na sua acentuada fase descendente no horizonte a paisagem é belíssima. Com a cidade da Póvoa de Varzim ao fundo, a ver-se o mar e com estas pedras que possuem tanta história, é de ficar num outro mundo, numa outra época, absolutamente de arrepiar.
Caminhando pelo castro verificamos que se organiza através de arruamentos ortogonais, para os quais abriam núcleos familiares. E de facto ao percorrer todos os recantos, tivemos uma sensação muito idêntica, existe algo de “tristeza” na atmosfera que rodeia a Cividade. Provavelmente estas pedras ainda se lembram da passagem em 137 a.c. do exército romano comandados por Décimo Júnio Bruto, o qual deu ordens para incendiar o castro. Embora não exista nenhum prova de alguma batalha neste local, mas foi a partir desta data que as construções se alteraram, vulgarizando-se as plantas rectangulares, a cobertura dos edifícios com telha de tipo romano, a nuclearização das construções e outros indícios de aculturação.
Estando na hora de partir, estava a ficar tarde para ainda viajar até Montalegre, decidimos abalar. Mas pelo caminho ainda parámos num mirador em plena Serra do Gerês e a vista foi alucinante. Num lado o sol a esconder-se, utilizando as montanhas como cortinas e virando o corpo 180º víamos a Lua a nascer…um cenário idílico…um momento único na vida que jamais esqueceremos.
E este foi só o primeiro dia!
Texto de Taliesin e Su
17 comentários:
Olha, da próxima vez avisa que eu vou também! Lol!
Sítios fantásticos, sem dúvida a parte das termas da Citânia de Sanfins, foi pena não teres visitado, é realmente extraordinária.
Tudo quanto tem a ver com arqueologia, é extremamente interessante para mim, visto que é a minha área (tenho o curso de técnico de arqueologia). No entanto, tenho que me dedicar a outras coisas porque não se pode viver de arqueologia a recibos verdes...
Bem vinda de volta! Beijinhos
Tenho sentido a tua falta! Mas regressaste com um relato de fazer inveja, que viagem magnífica pelo passado, pela nossa História e pelo país...
Saudades...
Mas já se vê pelo passeio que a tua viagem foi plena... já conheço algumas coisas mas mto superficialmente...
Imagens soberbas e vídeo mto belo
Beijinhos gigantes das nuvens
...sabes vcs estiveram sobre o local onde nasci...lindo de perder o folego...imagem do mar e da terra em plena comunhao...
Ah, por isso andaste desaparecida :) Parece ter sido um passeio e tanto! Olha, eu sou do Porto e não conheço esses caminhos por onde andaste :( É sempre assim!
Beijinhos
E onde ficaram os teus meninos?
Su
Muito obrigado por este passeio.
Eu nem sabia da existência de tais maravilhas nesse local... o nosso pequeno país é um espectáculo, pena que não se lhe dê o destaque que merece.
Mas fizeste um relato e tanto!
E a música...
E o vídeo...
Fabuloso!
Beijo
hum... que passeio delicioso!!
Eu não conhecia estes caminhos!! Obrigada pela sugestão!!! :-)
um beijinho e bom fim de semana!
As vossas expedições são sempre surpreendentes, dando a conhecer o Portugal profundo e alguns dos locais que foram palco de muitas e antigas vivências...
Espero que estejam bem, assim como o Sky e a Átia!
Beijocas para ambos! :)*
As minhas saídas são mais subaquáticas, mas fiquei com vontade de fazer uma visita destas.
Fica Bem!
Deve ter sido uma viagem e tanto.
Que bela discrição e fotos soberbas.
Obrigada e beijinhos
É pá, um mês sem editar nada! Espero que seja pelos bons motivos que eu imagino :)
Beijos grandes da vossa madrinha :)
Olá! Olá!! Su... está tudo bem???
então?? Então??? post´s novos, please!
Beijinhos!!!
Qué feito de ti?...
Que bela viagem pela nossa história
Que bela viagem pela nossa história
Ahahahah, gente sortuda, hã? E tudo tem um sabor diferente com a companhia adequada, linda... :-))) falas-me de mais um sítio que não conheço (que coisa maravilhosa isso!! :-DD) eheheh, acho que quando quiser viajar venho aqui primeiro eheheh consultar roteiros e assim!! :-DDD
Olá Su:
A citânia de Sanfins é sem dúvida de cortar a respiração e nem sonhas o quanto estou ligada a esta citânia...
Beijos
Enviar um comentário