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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

eu sei

sei que vou nesta estrada

ladeada de prédios infinitos e crescentes

com cortinas de gentes adormecidas

pensando que espreitam através das suas janelas

os telhados aguçados rasgando o céu da alma

e chove sangue, chovem pedras, chovem palavras

que tentam acertar nos incautos caminhantes

que se esqueceram do guarda-chuva

algures no canto negro da sua existência

sei que vou nessa estrada

e as florestas morreram nos sonhos de quem as queria conceber

sei que todos os dias se deitam palavras em vão nas cordas a secar

esperando que o sol de outro dia enxugue as lágrimas da noite anterior

sei também que que os estendais estão pejados de molas sem peças

que o vento assalta e leva os sonhos que se estendem nesse anoitecer

mas sei que,  por vezes, as gentes adormecidas despertam

e afastam as cortinas da languidez

e abrem as janelas das suas almas

e dizem olá com o coração

eu sei que sim



5 comentários:

Teté disse...

Eu também sei que é sempre bom ler-te, em poesia e prosa que se entrelaçam em sons e palavras que nos tocam cá dentro, como se no ar vibrassem as notas de uma flauta... :)

Beijocas e bom fim de semana para ti!

Susana Júlio disse...

É bom voltar aos cantinhos antigos das nossas "casas virtuais"...e escrever ao som das músicas que nos inspiram sentimentos, emoções e estados...e ao sabor das imagens.

Bom fim-de-semana. :)

Anónimo disse...

sim às vezes...o coração fala mais alto...às vezes!!!


bj


(gothicum)

-__-

AnaMar (pseudónimo) disse...

tanta coisa que sabes e eu sem nada saber.
Mas hoje aprendi que basta estar atento
e o que não pensávamos naõ saber desperta como um cavalo selvagem, dentro de nós.

Susana Júlio disse...

:)) às x é apenas uma questão de conseguir não escutar o barulho à nossa volta e concentrar-nos no que está dentro de nós.