"- Estou habituado a tantas coisas...Ao frio, ao calor, à penúria, à abundância, à chuva e ao deserto, à amizade e ao ódio. E à vida e à morte, também. É que , vê bem, a chuva jamais te parecerá tão bela do que após teres sido atormentado pelo sol do deserto semanas a fio. E o mesmo se aplica a tudo o resto.
- O amor e a amizade jamais nos serão tão inestimáveis do que após termos sentido o ódio, sim, é verdade. Mas a vida? Para a vivermos em pleno não precisamos de conhecer a morte.
- Desilude-te. Trazemos a morte em nós desde que nascemos e sabemo-lo bem. A vida não é senão um empréstimo transitório. É a morte que no-lo concede, mas ela é uma usurária cruel e implacável. Faz-se sempre reembolsar. E é isso que torna a vida tão preciosa. A nossa e a dos outros. Espanto-me sempre que possamos pois exterminá-la ou martirizá-la tão frequentemente e com tanta facilidade - recompõs-se e declarou num tom já mais ligeiro: - Paremos com esta conversa, meu rapaz. Estamos a ficar bem sombrios..."
(in O SANGUE DIVINO, volume III, de Andrea H. Japp, da trilogia: Dama Sem Terra)
Terminei o terceiro volume desta excelente trilogia de mais um romance histórico. Passa-se no início do século XIV a apresenta-se uma França dilacerada por lutas de poder que opõem o rei, a Igreja e a Ordem dos Templários. No meio desse jogo, encontra-se Agnès de Souarcy, uma jovem viúva, e Clément, a criança prodígio. Ambos essência indispensável na resolução das grandes decisões que afectarão o reino e os caminhos da cristandade, e dos mistérios dos assassinatos ocorridos na abadia feminina dos Clairets. A par da intriga desta narrativa, vamos ficando a conhecer os ditos usos e costumes da época, os pratos descritos ao pormenor que faziam parte dos banquetes da corte, os trajes e seus pormenores...entre outras tantas coisas fascinantes pertencentes a este século.
A não perder...assim como é, a não perder, este fantástico tema dos Dead Can Dance: Saltarello, com a apresentação das obras de Norbert Judt: