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Ontem fomos ver O AMERICANO em Itália...ou num cinema qualquer perto de si. O AMERICANO é uma realização de Anton Corbijn, um fotógrafo e cineasta neerlândes, que costuma trabalhar com os Depeche Mode, em termos de imagem. Também realizou o filme CONTROL.
Este filme relata a história de um assassino profissional (George Clooney...what else!) que se refugia numa pequena cidade italiana, à espera que o chamem para a sua última missão. Observando a vida dos outros, esta personagem apercebe-se que viveu uma vida inteira sozinho e durante este processo de reflexão, alguns descuidos profissionais poderão colocar em perigo este seu último trabalho.
É uma história "simpática", com louvores, sobretudo para a imagem fotográfica do filme e para o trabalho da Natureza (e do Homem...há que dizê-lo!) que nos apresenta imagens lindas da bela Itália.
que cai nas teclas brancas e negras
descobre a melodia mais suave
que as palavras podem tomar no caule de uma flor
No teu corpo adormecido
sobre a cauda desse piano
tocado gentilmente
pelas mãos de um artista.
Aquele a quem chamam de criador eterno
não sei se um deus ou a Natureza,
ela própria,
mas as mãos de quem dá a vida
e, ao mesmo tempo,
asfixia o seu testemunho
neste tempo e neste lugar.
Vi-te adormecendo descuidadamente
como se não existisse uma plateia
envergando máscaras de predadores
e como se essa mesma plateia
não fosse capaz de se mover do seu lugar
e tu dominasses a segurança
de ser o alvo sob os holofotes.
Arrastei a cadeira ruidosamente
só para te despertar.
Deixei-a cair, também.
Caminhei em direcção ao palco
e não senti os aplausos cairem sobre o meu rosto.
Sobre o meu corpo. Sobre o meu âmago.
Não senti nada a não ser a doce anestesia
substituindo a adrenalina do sangue.
Enquanto subia as escadas e tu me olhavas desde ontem
até agora
despi todo o passado da minha alma.
Despi a religião do Homem
e deitei-a, no teu lugar, onde outrora adormeceste.
Prefiro caminhar nua.
Na tua mão deixei o fogo ateado.
Deixei a destruição.
E quando olhei para trás
as cinzas que restavam
não chegavam sequer para lembrar o teu nome,
as tuas palavras, as tuas orações.
Da cruz aos pregos
restou nada.
ladeada de prédios infinitos e crescentes
com cortinas de gentes adormecidas
pensando que espreitam através das suas janelas
os telhados aguçados rasgando o céu da alma
e chove sangue, chovem pedras, chovem palavras
que tentam acertar nos incautos caminhantes
que se esqueceram do guarda-chuva
algures no canto negro da sua existência
sei que vou nessa estrada
e as florestas morreram nos sonhos de quem as queria conceber
sei que todos os dias se deitam palavras em vão nas cordas a secar
esperando que o sol de outro dia enxugue as lágrimas da noite anterior
sei também que que os estendais estão pejados de molas sem peças
que o vento assalta e leva os sonhos que se estendem nesse anoitecer
mas sei que, por vezes, as gentes adormecidas despertam
e afastam as cortinas da languidez
e abrem as janelas das suas almas
e dizem olá com o coração
eu sei que sim