"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. "
Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos
Nesta segunda feira passada, 10 de Dezembro, assinalou-se o 59º aniversário da assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Muitos deram conta desta data, outros nem por isso. Contudo, a Escola Secundária de Ourém, não deixou esta data em branco. A Equipa da Biblioteca Escolar associou-a a uma Oficina de Poesia cuja temática era a Vida, logo, podendo-se, muito facilmente, "passar" pela referência a este momento histórico. De palavra em palavra, de folha em folha, de livros em livros, de presença em presença se fez esta Oficina. A Carmen Zita e Eu fomos gentilmente convidadas a animar esta sessão, dividida em duas partes: uma primeira para turmas do 2º e 3º ciclos e outra para um grupo de alunos do secundário. Partilhamos a Poesia, desde a própria noção "oficial" que dela existe àquela que vive, gritantemente, dentro de cada um de nós. Vestimo-la e despimo-la de significados; percorremos os seus caminhos e cortamos atalhos. Experimentamos escutar a poesia escrita por nós na voz dos outros (um agradecimento especial àqueles alunos que enfrentando receios e timidez, emprestaram as suas vozes às nossas palavras: Paulinha; Elsa; Inês; Salomé, entre outros) e chegamos à conclusão sentida que, de facto, tudo o que se escreve a partir do momento em que se liberta de nós e faz rumo até outros "portos", passa a fazer parte dos outros, é dos outros e de todos aqueles que vestem as palavras no momento. Deixa de ser do "dito" autor.
Escutamos José Régio, em jeito de escolha da Salomé, do 7º ano: "Vem por aqui" - dizem-me alguns com olhos doces (...)" e nós fomos por ali fora...seguimos a voz da Salomé, encontramos o Régio pelo caminho até chegarmos bem ao fundo das nossas almas!
Exemplificamos como é acompanhar o processo de elaboração de um livro, com a experiência do nosso caso: desde a ideia do seu conteúdo ao próprio momento de concretização na gráfica (escolha do papel, paginação, acompanhamento das ilustrações...) até chegar ao seu aspecto final. Foi assim que aconteceu com o nosso:"Riscos que ficaram no tempo/ Jogo de Espelhos", o nosso primeiro livro de poesia, de 2003. Cada uma das sessões foi finalizada com a parte prática da dita Oficina. Distribuímos uma série de fichas com algumas propostas de exercícios poéticos, do género Letra Imposta; Palavra puxa Palavra; Conclusão Intuitiva de Poema Original; Acrósticos; Objectos diferentes associados a espaços que não os seus; entre outros. Resultaram em exercícios bem interessantes. Basta mexer um pouco nas ideias destes jovens que estas "levantam fervura" e vêm ao de cima (neste caso, ao papel), entre confissões, poemas de amor, recordações, comparações, desejos e emoções e muitos acabam por descobrir que a poesia até pode ser uma coisa engraçada, leve, bem expressiva e bonita. Assim o deixaram expresso quando assinaram o nosso "Livro de Honra", que nos acompanha em cada sessão prática ou de apresentações de livros! Aí coleccionamos a letra desenhada e as opiniões dos que nos acompanharam em diversos momentos. Foi uma tarde agradável em terras de Ourém. Numa escola simpática (que já tinha sido a escola por onde passara a Carmen, enquanto aluna!), com miúdos engraçados e dinâmicos, e com os amigos de sempre.
Muito obrigado pelo vosso convite.
E como estamos a falar aqui da Oficina de Poesia, aproveito para tentar dar resposta ao desafio que me foi lançado pela sombras, pela cleo e pela mel, há algum tempo: Encruzilhada. Pois este desafio tem apenas como regra: "Compôr um post em prosa/conto ou poesia com os títulos dos últimos 10 posts, usando outras palavras, pelo meio, para dar sentido ao todo."
O meu caso foi extremamente difícil. Assim, tive que contornar um pouco a regra em alguns casos (com traduções do inglês, escolha das primeiras frases nos casos sem título...) e o texto que me saiu aqui fica para vossa resposta:
Vejo no reflexo dos teus fragmentos
Todas as pessoas que por ti passaram
Que em ti se abandonaram
Como estrelas que se deitam, docilmente, no manto da noite.
Somos o resultado de uma eterna soma:
Eu e Tu e Todos os Outros que Conhecemos.
Mas
Já não é hoje.
Nem será amanhã
Que se entenderá a natura da alma.
A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás.
Dizem.
O que abandonas acaba por restar.
Eu entro no teu labirinto
E seguro a tua alma como se fosse o Fio da Ariana
Aquele que me leva a sair da tua escuridão.
Ao mesmo tempo
Aquele que nos liga
A uma pessoa que conhecemos desde sempre.
E de elo em elo, escondido entre as dobras dos nossos corpos,
Vamos fazer um pacto.
Para além do de sangue...
O da eternidade.
De uma Eva sem pecado.
De um Adão sem fraquezas.
Restando apenas
A pura felicidade.
Assim,
Qual é o fruto apetecido?
Agora, outra das regras diz que tenho e escolher dez vítimas, perdão, dez eleitos que darão (ou não!) continuidade a esta cadeia de escrita. Muitas das pessoas que eu poderia "nomear" sei que já o foram portanto vou tentar designar outros que ainda não tenham sido desafiados. Aqui ficam os "convites":
Entretanto, a Teia já andou a "espiar" os desafiados que responderam. Podem ver as excelentes ENCRUZILHADAS aqui: