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quarta-feira, 10 de outubro de 2007

...nova constelação...


Fico a olhar as estrelas vazias da minha alma, soltas pelos quatro cantos do desconhecido. A noite dentro de mim assume o grau máximo da indiferença perante o significado de tudo e de alguma coisa, quando esse tudo e alguma coisa são ambos extremos de um Nada (que afinal deve ser sempre alguma coisa) e que alerta a consciência para a permanente inquietação.
Olho o
Tempo de esguelha, num combate, em vão, mente-a-mente, abandonando o corpo deserto a um canto qualquer do dia. Lá fora as pessoas vivem. Correm. Andam. Dão as mãos. Gritam também; de uma maneira qualquer. Compram o jornal onde são a própria notícia. Passeiam os cães (ou são passeadas). Sentam-se em bancos de jardim. Fazem planos com palavras emprestadas do Amanhã. Lutam. Vencem. Se perdem, tentam de novo. Outros, enrolam-se na sua dor e desistem a uma esquina da cidade.
Fico na plateia e não aplaudo o próximo acto. Quero as luzes apagadas porque são superficiais. As minhas
estrelas estão assim: vazias. E dispersas pelos cantos.

E se eu inventasse novas constelações?

17 comentários:

Papoila disse...

Querida Su:
Minha querida inventa novas constelações! Viver sem estrelas é impossível e tu estrela desta teia brilhas bem forte. Lindo texto!
Beijos

Ana disse...

Olá Su
Inventa novas constelações mais brilhantes que te encham!
mas sei que num mundo de tantas luzes efemeras é dificil achar uma real.
beijinhos

Matchbox32 disse...

"I know you'll be a star
on somebody else's sky..."
Pearl Jam - "Black"

Susana Júlio disse...

Não novas estrelas...nova forma de organizar as que já existem...dar-lhes outros nomes...quebrar-lhes as rotinas e colorir o cinzento...era mais assim...

Azer Mantessa disse...

nice picture :-)

you made me twist my head upside down

:D

Anónimo disse...

Tu própria já és uma constelação, de brilho intenso, visceralmente viva, com alma e sentido.
Não deixes nunca que a noite ou o nada enevoem o teu brilho, te roubem as estrelas e a casa em que habitas, a tua alma!
Talvez seja altura de inventares um novo tempo...
Beijinhos, muitos, mil

Anónimo disse...

Desgastar-se-iam com o passar do tempo, porque a energia se vai consumindo, porque aquilo que almejamos e não temos nos deixa sem as forças necessárias para criar de novo o universo, porque afinal em cada nada existe de tudo um pouco, e porque a noite nem sempre é tão escura quanto parece.

Anónimo disse...

obrigado pela visita ao Kontrastes e continuação e bons posts.

impulsos disse...

Se as estrelas estão vazias
E as palavras já não as fazem brilhar
Porque não?!
Inventa sim!
Inventa novas constelações
Onde as estrelas sejam o alvo
De todas as admirações!
Tal como tu
Uma estrela que se destaca
Das muitas que existem
Neste céu de velhas constelações...

Beijinho

PS. Que linda música esta... adorei!

carteiro disse...

Que texto lindo!
Sabes, acho que também há aqueles que não ganham e não perdem. Mas no fim isso, não ganhar é acabar por perder. Pois, mesmo não desistindo, não encontram um dos mil caminhos por não saber sequer ao que querem chegar. Ou pelo menos é esse o Tempo que eu olho de esguelha.

Acho que o vazio das estrelas pode dever-se à carência de luz que sentem. Sim, acho que tens razão. Se lhes deres novos nomes e se elas mudarem o ângulo (ligeiramente) em que brilham, ganham um novo sentido. No fundo são uma nova constelação. Mas ainda mais no fundo, não passam das estrelas que já tens em ti e que podem estar vazias agora, mas não o são.

Anónimo disse...

E se TU inventasses novas constelações?
esta conjunção de imagem e palavras fez-me lembrar uma música que tanto gosto - where is my mind:"With your feet in the air and your head on the ground
Try this trick and spin it, yeah
Your head will collapse
But there's nothing in it
And you'll ask yourself
Where is my mind,Where is my mind,Where is my mind"
assim se inventam novas constelações, às vezes é necessário girar, girar e reordenar.
Beijos

Há uma ousadia no chromaesthesia :)

Teté disse...

Reorganizar as estrelas e constelações no espaço celestial?
Bem pensado e explicado lindamente, naquela espécie de corre corre do dia a dia em que as pessoas não param para pensar, quase em comportamentos automatizados.
Devíamos apagar a luz e olhar as estrelas mais vezes...

Jinhos, amiga!

krystyna disse...

Hi Su!
I come here through Azer's blog and
I'd like to say- Congratulations!

Beautiful place you created and fantastic music.
Best to you!

Susana Júlio disse...

A todos: Obrigado pelas palavras. Imensamente carinhosas e cada uma delas brilhando como se fossem uma nova constelação nos céus, pelo menos no meu céu. Cada um de vocês valendo nesta distância virtual como um sorriso brilhante, como uma estrela...impressionantes!
Obrigado.

Susana Júlio disse...

alice: AMEI a tua ousadia no teu canto! Fiquei rendida como disse por lá. devo-te o grande sorriso de hoje e a lembrança de, também, uma das minhas músicas preferidas de sempre, dos Pixies, claro!
MUITO ORIGADO!

Anónimo disse...

... a Noite, o Nada e o Tempo... são conceitos humanos, definições que fazem uso das vogais e das consoantes para a edificação de um significado mentalmente inteligível.

NOVAS CONSTELAÇÔES são tudo o que o teu SER permitir que sintas, que ouças, que saboreies, que visualizes, que cheires, que percepciones com toda a tua sensibilidade e graciosidade!

Su... quanto a mim, AS TUAS NOVAS CONSTELAÇÕES são, desde já, a tua impressão estrelar única e sui generis no mapa da Noite, do Nada e do Tempo... que se reflectem no Dia, no Tudo e no "Espaço" de todos nós.

Obrigada por brilhares quando eu olho para as "minhas" estrelas das 23horas :)

Saudações "constelares" ;)

susemad disse...

À medida que vou descendo na tua teia, mais encantada fico com as tuas palavras. É assim que tu nos prendes!! :)

A agitação do exterior não me causa efeito... hoje por aqui ando como que anestesiada por um vazio que continua a não querer sair de mim...