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quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

TEMPO A "QUATRO MÃOS"...

Sobre começos e recomeços, já que estamos na época pré-determinada em termos de calendários, de um Novo Ano, encontrei um poema de Rangel Castilho "O Tempo - Eterno Recomeço..." ( no seu blog Rangel Castilho estão lá, inclusivé, músicas deste artista). "Peguei nele" (letra a letra, frase a frase) e a quatro mãos, qual manta de retalhos, acabei por acrescentar as minhas palavras às deste artista brasileiro, "músico, poeta e pantaneiro" (como o mesmo se auto-denomina!).
Assim...Rangel a verde e Su a rosa! Novo ano que recomeça...novo tempo que continua...mais palavras que se prolongam...
O Homem que pára e olha...
O relógio que avança aos segundos,
Passo a passo,
Um a um,
E o caminho que ambos definem
Revela a eternidade do tempo:
À nossa frente
Essa imensa grandeza arquitetada grão a grão,
Testemunha solitária
Arrastando civilizações, povos e culturas.
Como ser vivo que se finge de morto
papel velho e amarrotado
Com mensagens escritas e por ler, Espremendo a seiva do homem,
Na esperança de encontrar algo de melhor,
Purificando a essência da humanidade,
Até à última gota do que chamam de existência.
Segue o tempo.
Imutável.
O tempo, deteriorização do imperfeito,
Verbo escondido por conjugar. A transmutação do verme:
A lagarta na mais bela borboleta.
Da Teia se cobre a mais fina seda.
Tempo é eliminação.
Processo natural de selecção.
O tempo é a incrível marca invisível do não se sentir satisfeito.
Que carregamos como tatuagem viva nas nossas almas. Tempo é dinâmica.
Movimento que nunca apanhamos.
Tempo é a plenitude do nada,
Onde tudo se finaliza e recomeça.

E a breve vida de cada um
Cabe apenas no espaço de um abrir e fechar de olhos.
O tempo são duas forças eqüidistantes,
Elásticas, distendidas, incorporadas que são,
Por não existir uma sem a outra.
Gémeas orfãs de pai e de mãe.
Uma agrega: encaixando desordenadamente aquilo que vaga no universo,
Materializa, unindo campos incompletos.
A outra altera, recompõe e reordena.

Deus e o Diabo ditando os mesmos deveres.
Uma brutaliza, a outra lapida.
Dependendo da perspectiva,
A escola é a mesma.
O tempo existe tal como o silêncio.
Ficando o dito pelo não dito,Simplesmente acontecendo.
Algo inerente a todas as coisas e atos,
Mas que não se concretiza,
Porque já está lá.
Tal como o tempo,
O silêncio é a intervenção,
Já sendo o todo.
O grito apagado da garganta rouca
Que deu o corpo à antiga revolta.
É a síntese onde tudo se conceitua,
Planeja e constrói,
Como também que danifica,
Destrói,
Propiciando assim um eterno recomeço.
Não se tocando e não se vendo
Sem se ser como um S. Tomé
Apenas acreditamos que ele existe.

...mais uma volta ao carrossel...

24 comentários:

Matchbox32 disse...

3 palavras: ge-ni-al! lol!

Oliver Pickwick disse...

Ei, Su! Percebo que gosta de desafios. Isso mesmo, a montagem deste post, acredito, deve ter sido um desafio pra você. Primeiro, a interpolação dos seus versos com os do outro poeta; segundo, a sequência de imagens - além de integradas aos versos - é quase uma história em quadrinhos acerca do tema.
Poetas são movidos à inspiração. Ás vezes, doce; vezes, trágica. Contudo, neste trabalho, ela é apenas um coadjuvante, pois, em essência, esse trabalho é cerebral, quase técnico, mas nem por isso menos belo.
Há tempos não vejo/leio algo parecido.
Onde é que eu assino para me tornar membro do seu fã-clube?
Beijos!

Rangel Castilho disse...

Salve, Su!

Um pai sempre chora
quando o filho vai embora
Mas chora de alegria
quando uma noite
ou ao meio-dia
assim num açoite
nos liga e alto nos grita:
vencí!!!!

Esse é nosso poema - Tempo,
que sem modéstia,
com sua indelével participação
e autoria ficou maravilhoso...

Sucesso a você e um abraço forte aqui do Pantanal de Mato Grosso do Sul - Brasil.

Marias disse...

Ficou magnifico!...
De certeza que Rangel Castilho ficou contente ao ver a obra de arte que saiu com a intervenção de mais duas mãos. E as fotos, sempre correlacionadas com cada conjunto de versos que escolheste, dão-lhe um aspecto mais artistico ainda.
Gosto do tema do tempo que como dizes é eterno e imutável, gosto da comparação que fazes ao silêncio. Sendo o tempo um mistério da existência acreditamos que existe, ou não andavamos todos à procura do tempo e preocupados porque às vezes não apanhamos o tempo.
O tempo, ai o tempo!...
Esse enigma da existência!...
Vou dar mais uma volta ao carrossel...

beijinhos

ALeite disse...

Simplesmente brilhante. Afinal trabalhar a 4 mãos compensa. A obra tece-se a cada leitura que a refaz. Obrigado pelo momento.

Manuela Peixoto disse...

fiquei sem perceber qual dos dois o melhor poeta :)

beijinho

Anónimo disse...

segui o fio dos beijos e aqui estou de novo para te desejar uma boa volta! espero que nos voltemos a encontrar neste novo girar do rodízio :)
beijo

Papoila disse...

Su:
Fantástico! Maravilhosa conjugação do verbo ser no tempo...
Muitos Beijos!

Pedro Branco disse...

Saberemos voltar a nós? Perder de novo os arames das pinceladas de tanto caminhar? Cair no silêncio dos gritos que nos invadem? Para servir de manto às eternas sabedorias...

Gostei. Beijo

O Árabe disse...

Bela mixagem, sem dúvida! :)

oArtista disse...

Lindo.
Linda a forma como se interligam e complementam. Palavras suas e as outras, que não sendo acabam parecendo.
Um beijo deste Artista que já foi Mestre e acabou rouco de tanto gritar. ;-)

Anónimo disse...

Já me conseguiu pôr a rir ás gargalhadas....e creio que também queria dizer "E viva a diferença"...lol
Um beijo...muito sorridente.

MIMO-TE disse...

Como sempre, terei que vir com mais tempo.:) Voltarei!

miminhos linda

Som do Silêncio disse...

Se te disser que adoro ler-te, não estou a ser repetitiva? (risos)
Sinto-me tão bem aqui...

Bjs

MIMO-TE disse...

Agora não vou ser original! Porque não me deixas... :)
Magistral! De uma criatividade invulgar e o resultado simplesmente excepcional!

Beijo miga e muitos mimos meus

mixtu disse...

bem...
a vida
as transformações
os caminhos
carrossel...
vida ou vidas
teias
...

abrazo serrano

Teté disse...

Começos e recomeços... O tempo... O pão nosso de cada dia, esse carrossel!

Simplesmente fantástico!!! Um belíssimo poema a quatro mãos...

Jinhos para ti e para Rangel Castilho! Que continuem a colaborar...

vieira calado disse...

Olá! Obrigado pelo votos para o Novo Ano. Também lhe desjo o melhor do Mundo.

Rafeiro Perfumado disse...

Bela combinação, não ficas nada atrás do "artista". Um beijo!

Oliver Pickwick disse...

Esse eu já comentei. Ei, Su, passei pra dizer que as suas reflexões e comentários lá pelo condado, são como um adendo aos meus escritos, inclusive, "vendo" certas coisas que nem mesmo eu, o autor, havia percebido.
Agradeço por tão carinhoso feedback!
Beijos, e muita cintilância no olhar!

Anónimo disse...

Carrocel... e de novo, começa mais outravolta...


Su...
Magnifico, como sempre!
Mais um desafio, e mais uma demonstração de verdadeiro tatelnto... a 4 mãos!!!


:-)
beijo

lua prateada disse...

Está lindo mesmo!...delicioso ver tanta sensibilidade.Obrigada pelas lindas palavras deixadas lá na lua.
Que este ano te trga tudo o que mais ânseias na vida.Belo e bom fim de semana.
Beijinho prateado com muito carinho
SOL

Azer Mantessa disse...

nice music and interesting pics as always :-)

Kátia disse...

Nossa!!!!Belíssimas fotos!Que anjos!!E a moça da borboleta ...maravilha!!!!
Parabéns!!!!