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quarta-feira, 23 de julho de 2008

PELA ÁGUA

"Um lago negro, um barco negro, duas pessoas negras em papel recortado.
Para onde vão as árvores negras que bebem aqui?
As suas sombras devem cobrir o Canadá.

Das flores aquáticas sai filtrada uma luz ténue.
As suas folhas não querem que nos apressemos:
São circulares e sem relevo, cheias de conselhos obscuros.

Mundos frios agitam-se com os remos.
O espírito da escuridão está em nós, está nos peixes.
Um ramo submerso ergue uma mão pálida em despedida;

As estrelas abrem-se entre os lírios.
Não ficas cego com a mudez de tais sereias?
Este é o silêncio das almas já perturbadas."


in Pela Água, de Sylvia Plath

14 comentários:

A's Closet disse...

Achei lindíssimo! Mas concerteza que esse lago tem um lugar paradisíaco, cheio de luz...

Um beijinho meu

1/4 de Fada disse...

Gosto imenso de Sylvia Plath, mas só conhecia traduções brasileiras, porque foi ao estudar tarot que "dei" com ela e a sua poesia. É um mundo fascinante que se abre.

Kátia disse...

Minha alma está triste e por isso mergulha no silêncio...mas,vou emergir.
:(
A música dos The Cure,está no ponto!Vixe!até me arrepiei.
Beijo!

Susana Júlio disse...

ana lourenço: Há sempre um determinado grau de beleza mesmo nas coisas mais tristes ou melancólicas. Sylvia Plath era uma grande poetisa. Vale a pena conhecer a poesia dela.
Beijinhos.

1/4 de fada: Não acredito!! Mas tu também sabes tarot?! Esse é outro mundo fascinante, assim como o I Ching e outras mais...mais uma coisa em comum! ;)
Beijinhos grandes.

kátia: Pudera eu fazer nascer-te um sorriso e que este poema e esta música não tivessem nenhum significado especial para ti, então...pois estavas imersa em nuances de felicidade e de sorriso. Que voltes depressa a apanhar a beleza do teu sorriso...um BEIJO GRANDE! Fica bem.

Anónimo disse...

Gostei muito do poema. Atravessamos águas profundas e sombrias e receamos sempre as sombras nas profundezas, os "mundos frios" que se agitam.
Eu pelo menos sou assim. E no entanto estar na água ou mover-me nela é uma das coisas que mais gosto. Gostar é pouco...

Susana Júlio disse...

gracinda: A água é um elemento primordial por natureza...é aqule que dá a vida, recebe a vida, origina a vida...e uns são mais sensíveis do que outros a moverem-se nesse mundo fluído.

Mas há outros mundos frios, agitados por correntes profundas nas quais nos movemos sem querer...águas pantanosas e enganadoras que se disfarçam à sombra de nós mesmos...e aí não conseguimos distinguir o certo do errado para nós mesmos...

Anónimo disse...

Compreendo... Os tais mundos frios que perturbam a nossa mente. Não conseguimos destinguir o certo do errado... É por isso que caímos tantas vezes. Mas tudo faz parte. E levantarmo-nos também faz parte da queda. ;)

Beijinho muito grande.

impulsos disse...

... e ao longe ouvem-se gritos, que nos chegam aos ouvidos já desmaiados... como que abafados pelo calor do vento suão, que se levantou do nada e se juntou a nós nesta estranha odisseia negra, que nos leva à deriva pelas águas dúbias da nossa loucura e solidão.
A noite já vai alta e ainda não sabemos que rumo tomar...

Saiu-me...

Beijo

Susana Júlio disse...

gracinda: Levantar e rir. isto tudo o que temos é tão pouco e ao mesmo tempo tanto...que às vezes nem vale a pena gastar muito tempo a pensar nas coisas...temos é de decidir coisas, impedir a estagnação e ir em frente, por mais dolorosos que sejam os passos...hei, estamos vivos! deve ser um privilégio, não?! :)

Mais beijinhos daqueles de ontem e de sempre!

impulsos: Saiu-te e saiu muito bem! :)) Estás a libertar qualquer coisa assim? Ajuda-te? É o que interessa. Masi tarde, a direcção torna-se mais óbvia e o caminho certo (que podem ser todos aqueles que conseguiremos trilhar!) tornar-se-á evidente. Outro beijo grande, com sabor a café! ;p

Anónimo disse...

Hmmm, pareceu-me ver por aqui uma palavra muito conhecida por mim: tarot :) I Ching :) E por aí em diante. Parece-me que teríamos muito para conversar, por estas bandas :D

Susana Júlio disse...

borboleta: Cá para mim ainda devíamos fazer uns posts a meias sobre estes assuntos...antes consultava todos os dias o I CHING. Era como se fosse uma prática ou um ritual necessário todos os dias como comer, tomar banho, dormir...o tarot foi a minha paixão inicial. E tirei sempre aos outros, nunca a mim. Tinha amigas que me pediam de 21 em 21 dias para a mesma questão, que nunca soube qual era porque digo logo que não quero ouvir as questões. Apenas peço para se concentrarem na questão delas e depois faço a leitura. Agora ando um pouco perdida...e isso não me faz sentir nada bem...mas faz-me falta um certo clique...

Matchbox32 disse...

Lindo este poema...

Porcelain disse...

Adoro... as sombras... tu sabes...

;-)

O negro está em todos, nos peixes, em todos, todos, todos sem excepção... que lindo é quando o negro se mostra, quando o negro se deixa ver... até parece que, quando o negro se deixa ver, nada se vê, mas na verdade vê-se muito mais do que quando está claro... o negro é toda a cor em potencial... devemos ecolher o prisma adequado para decompô-lo e conseguir percebê-lo...

Lindo.

Beijo!!!

Anónimo disse...

Su, acho que te entendo quanto à falta do clique :) Sinto-me também perdida relativamente a isso e há muito tempo que estou a tentar resolver essa situação. Tudo começou com a descoberta do tarot. Comecei a ler muito sobre isso e a deitar cartas só para as minhas amigas. Mas nunca me senti totalmente envolvida com isso. Depois veio o I Ching, através de uma amiga de uma amiga, mas também não senti que era aquilo. E depois as energias: o reiki (que sempre foi só lido e não praticado porque nunca tive acesso a alguém que me orientasse) e agora o Chi Kung. Sinto-me perfeitamente à vontade com energias e isso, para mim, já é uma vitória :) Como estou a pensar em mudar-me para Lisboa, vou esperar e quando lá estiver vou tentar arranjar orientação para seguir em frente com as energias vitais do Cosmos :)

Muito resumidamente, é isto!

Beijinhos e festas aos teus meninos ;)